Olá a todos!
Sei que não é polido tirar poeira de alguns tópicos mas acho que esse assunto é a dúvida mais recorrente para quem está entrando no mundo caravanista.
Por isso peço licença para opinar.
Sou do universo 4x4 a algum tempo e já tive a oportunidade de andar em algumas viaturas e possuir algumas poucas.
Como gosto de mecânica e normalmente faço muitas das manutenções por conta própria (DIY) acabo lendo bastante e conversando com mecânicos sobre as “Boas Práticas” de como cuidar de alguns sistemas automotivos (motor, câmbio, eixos, etc).
Acerca do tema do tópico, não, não há problema em rebocar com câmbio automático DESDE QUE se observe alguns detalhes do câmbio.
Exemplo: minha esposa tem uma Land Rover Discovery 2 automática, com câmbio ZF 4hp22-eh.
Esse câmbio é muito conceituado e ao mesmo tempo criticado.
Explico: é um câmbio de concepção simples e fácil de manter… mas nem todos sabem cuidar dele, por isso ele “Frita rápido” e acaba sendo mal visto.
No caso específico de Towing é como o amigo falou acima, É USO SEVERO e TEM QUE trocar o óleo em periodicidade menor.
Esse câmbio zf 4hp22 saiu de fábrica em diversos veículos e a Land Rover cometeu a bobagem de indicar a troca de óleo com periodicidade elevada, muito além da indicada pela própria ZF.
Resultado: câmbios sofrendo com excesso de limalhas metálicas no óleo e consequentemente entupindo as Solenoides, com efeito, o usuário enfrenta Slipping de discos, superaquecimento do óleo e trocas agressivas de marchas (ou demora na troca).
Em cenário de towing constante esse câmbio, como muitos, exige trocas do óleo do câmbio a cada 40 mil km (ou menos).
No caso específico da Discovery 2 o sistema de arrefecimento do óleo do câmbio é subdimensionado e o conversor de torque pequeno (o que faz ele trabalhar sempre em RPMs maiores).
Em alguns carros, portanto, é necessário realizar as adequações para que ele sempre trabalhe dentro dos parâmetros adequados.
Um ótimo parâmetro a sempre monitorar é a Temperatura do óleo do câmbio.
Ideal é que não trabalhe acima dos 105 graus.
Para isso, fundamental instalar um sensor de temperatura na linha de óleo para adequado monitoramento (como em carros turbos adicionar um manômetro para acompanhar a pressão do turbo).
Outra coisa importante a se destacar é que nem todo carro pode rebocar em D (drive).
A recomendação do especialista que fez os aprimoramentos na Discovery da esposa é de que ele sempre deve rodar em 3 em subidas ou ultrapassagens… só colocar em D em pista totalmente plana e onde não se tenha vendo contra.
Ou seja, tem um carro automático para towing e o trailer é pesado?
Vale a pena conversar com especialistas em câmbio automático que conheçam essa caixa para verificar quão robusta ela é E consultar foruns de gringos sobre o carro e ver como eles reagem em cenário de towing (EUA, Europa e Austrália tem muita gente rebocando).
Outro fator que acho extremamente importante relembrar é que convém que o peso do Rebocador seja igual ou (preferencialmente) superior ao do trailer.
Além disso, uma forma interessante de avaliar se o rebocador tem condições de puxar o trailer com folga é avaliar a Relação Peso/Torque (PS: não é apenas o torque).
Exemplo:
A F250 6cc tem uma relação Peso/Torque de aproximadamente 54 kg/kgf.
A XTerra tem praticamente a mesma relação.
Antigamente via muitas pessoas achando que só as F250 davam conta de fazer um bom towing, mas a verdade é que se você avaliar pela Relação Peso/Torque vai descobrir outras ótimas opções!
Ou vai perceber que seu carro, apenas com uma apimentada no turbo e/ou reprogramação já fica muito melhor de rebocar (performance) do que um veículo “referência”.
No 4x4brasil fiz uma postagem onde exemplifico melhor essa questão de Relação Peso/Torque.
https://www.4x4brasil.com.br/forum/land-rover/122569-discovery-1-discovery-2-a-15.html#post2507532
Enfim, era isso que queria registrar a fim de tentar ajudar os futuros interessados a entrar nesse mundo caravanista!
Abraços a todos.