Olá Rodrigo!
Sempre quando estou viajando e cruzo na estrada por outro veículo de recreação me vem uma curiosidade de saber de onde são, para onde vão… Não foi diferente quando cruzei por vocês quando desciam e eu subia a serra para Gramado em 20 de julho de 2018.
Muito legal poder acompanhar aqui a viagem de vocês neste belo relato!
Deixo abaixo uma foto do meu conjunto para saber se também nos viu na estrada.
Abraço!
Matheus Silveira.
Matheus,
Ainda não tenho um trailer, nem um bom rebocador (meu carro é um pequeno Jimny).
O que você pode falar sobre a Xterra? Vale a pena? Como se saí em termos de consumo, manutenção e conforto?
Fica dividido entre Xterra 2004 ou 2005 e SW4 2006 ou 2007. A Xterra é uns 15 ou 20 mil mais em conta para aquisição…
Abraço e ótimas viagens!
João
Olá Dardo!
Vou parar não! Pode deixar!
Marcelo,
Bondade sua! Obrigado!
E vou seguindo!
Abraços
Matheus!
Mas é claro que lembro de vocês quando descíamos a serra! Estávamos voltando de Gramado após a revisão do Chiocciolino! Já eram os últimos dias da viagem! Logo, logo contarei esta etapa no relato!
Obrigado por acompanhar!
Abraços,
Rodrigo
Retomando…
4º dia - Livre em Foz do Iguaçu/PR
Depois do cansativo dia anterior, já estava programado passarmos um dia livre em Foz do iguaçu para levarmos as crianças nas Cataratas e no Parque das Aves. Nesse dia aproveitamos para descansar um pouco, e por isso acordamos mais tarde. O dia estava agradabilíssimo, céu azul e clima legal, apesar da chuva no dia anterior. O camping estava praticamente vazio naquele dia. Acampados estávamos nós e um casal suíço num Land Rover adaptado. Tomamos café da manhã oferecido pelo camping (que na verdade é um Hostel International), conversamos um pouco com os suíços e seguimos para as Cataratas.
O Parque das Cataratas é local que não se cansa de visitar. Beleza ímpar. Natureza exuberante. O parque composto por 275 quedas d’água é considerado Patrimônio da Humanidade. Para o Heitor, na verdade, a sensação mais emocionante seria a de andar no ônibus com teto panorâmico! . O caminho da portaria do parque até as cataratas é realizado por esses ônibus panorâmicos, num estilo Jurassic Park, e no decorrer do percurso é possível parar em pontos determinados para outros passeios (pagos à parte), como o Macuco Safari (passeio de bote motorizado até o pé das cataratas) e trilhas ecológicas. Com as crianças ainda pequenas, optamos por não nos aventurarmos tanto. Já dentro do parque existem inúmeros alertas para cuidado à presença dos quatis. Na minha sincera opinião, a quantidade de quatis em volta dos turistas deixou de ser atração e passou a ser problema. Os danados dos bichinhos avançam para tomar comida, principalmente na área de alimentação do parque. Particularmente acho que o número de quatis deveria ser controlado naquele local, não com eliminação dos bichinhos,é claro, mas transferindo-os para um local de mata distante dali. As pessoas não respeitam os avisos de não alimentá-los e existem acidentes em decorrência de ataque dos quatis, que não são tão carinhosos! Um atrevido quase me surrupiou um celular, após minha filha deixá-lo cair ao chão. Me custou uma tela nova, pois, para salvar o celular das mãos do ordinário, foi necessário que eu pisasse com a minha singela bota 44 sobre a mão do meliante que já estava no aparelho para conduzi-lo rumo à mata! Uma sensação que aquele quati andou por Brasília! Foi cômico!
Entrada do Parque Nacional do Iguaçu
Estrada no interior do Parque, no ônibus com teto panorâmico!
Começo da trilha. Vista das cataratas do lado argentino (dizem que a vista do lado argentino é mais bonita! Mas é em decorrência do lado brasileiro ser mais bonito! )
Em 2011, as Cataratas do Iguaçu foi uma das 28 finalistas no concurso das sete maravilhas naturais do mundo! Sem dúvida!
Foto do primo do meliante!
É realmente muita beleza reunida!
Ao sairmos do parque, o que não faltava eram pessoas oferecendo almoço em algum restaurante próximo dali, por R$ 20,00/pessoa até com transporte incluso! Caímos nesse conto do vigário. Entramos numa van (aquela Kia Besta - quem tem mais de 20 anos irá se recordar!) caindo aos pedaços. O percurso era de apenas 500 metros. O restaurante tinha o estilo de construção tipo tapera! Foi hilário, para não dizer péssimo! Na volta fomos ao Parque das Aves, que fica logo em frente a portaria do Parque das Cataratas. As crianças aproveitaram muito este passeio, pois o contato com os animais é bem direto. São imensos viveiros e as aves voam ao nosso redor. Como todo zoológico, não deixa de ser triste vê-las presas ali, mas também não deixa de ser interessante um contato tão próximo com os bichinhos. Os animais são muito bem cuidados e são provenientes, em sua maioria, de apreensões do Ibama em decorrência de tráfico e maus tratos.
Parque das Aves - Flamingos. Espelhos enganam os coitados e os fazem pensar que estão num bando imenso no meio do Deserto do Atacama!
Parque das Aves - Araras
Parque das Aves - (Tentando descobrir o nome desse indivíduo)
Idem anterior!
No final da tarde passamos em um supermercado e retornamos ao camping para descansar, nos preparando para entrarmos, enfim, na Argentina no dia subsequente.
5º dia - Foz do Iguaçu/PR a Corrientes/ARG - 598 km
Acordamos por volta das 8h para prepararmos a saída. Tomamos café da manhã e fizemos uma faxina geral no trailer e no carro. O camping possui “pinicão” para descarga de água negra. Não fica próximo aos boxes, mas é de fácil acesso. Saímos no meio da manhã. Como não tinha experiência em atravessar a fronteira rebocando o trailer, estacionei antes da aduana brasileira e fui questionar sobre os trâmites de imigração. Não é necessário fazer nada na aduana brasileira. Passa-se direto no sentido Brasil-Argentina. Na aduana argentina realizamos a imigração e inspecionaram o trailer. Tinha receio que questionassem sobre alimentos na geladeira, mas queriam mesmo é informações sobre o Chiocciolino. Não criaram caso com nada. Foi uma inspeção superficial. Ficaram, na verdade, maravilhados com a “casilla rodante”, como eles mesmos dizem.
Solicitaram a apresentação dos documentos do carro e do trailer e as Cartas Verdes.
Aduana argentina em Puerto Iguazú. Aguardando a inspeção.
Aqui cabe um comentário interessante aos que almejam aventura parecida: a Carta Verde é necessária sim, e separadas (uma para o rebocador e outra para o trailer). Acompanho comentários de trailistas em grupos de WhatsApp e sempre vejo muitos dizendo que basta a Carta Verde do rebocador. Estão enganados, acreditem e não paguem para ver! Contabilizei pelo menos 15 paradas em postos policiais argentinos, além de passarmos em mais de 30 que não nos pararam, mas onde estavam no meio da pista sempre dois policiais, de prontidão para parar qualquer veículo. Em todas as paradas nos pediram as duas Cartas Verdes, do rebocador e do trailer, além da CNH e documentos dos veículos. Já ficavam todos numa pastinha, bem à mão, porque a parada era certa. E aqui ainda gostaria de compartilhar que, a despeito de dezenas de relatos que já li na Internet sobre pedidos de propina pelos policiais argentinos, em nenhuma das 3 viagem que fiz pra lá de carro (2004, 2008 e 2018) cobraram algum tipo de propina. Voltando à minha autodescrição de perfeccionista, sempre fui muito atento e preocupado com os itens obrigatórios na Argentina, sempre tentando evitar ao máximo qualquer tipo de abordagem deste tipo. Apesar de nunca terem pedido propina, um único evento ocorreu: poucos quilômetros após Puerto Iguazú, num postinho de controle policial bem modesto, fomos parados por um suposto policial. Parecia mais um vigilante, com um uniforme azul claro e um boné. Nos abordou questionando para onde estávamos indo e perguntou se não podíamos contribuir com algum valor para que ele pudesse conhecer o Brasil, seu sonho! Fiquei com “dó” do coitado e doei uns 50 pesos (menos de 5 reais) que estavam no console do carro. Mas ele não questionou nada do trailer e dos documentos. Apenas pediu uma doação. Foi o único evento deste tipo.
Em algumas das paradas pelos policiais, pediram para olhar dentro do trailer. Questionavam se haviam pessoas no interior, verificavam a documentação e nos deixavam seguir sem problemas. Notamos que as estradas mais próximas da fronteira com o Brasil, pelo menos até Santa Fé, eram melhor policiadas que as mais internas na Argentina. Isso deu para perceber claramente. Esses postos de controle são às vezes da Gendarmeria Argentina (Exército, soldados com uniforme verde), outras da Policia Caminera (policiais com uniforme azul). Todos sempre educados.
Parada em controle policial. Inspeção interna do trailer. Gendarmeria Argentina.
Chegamos no Camping Laguna Totora, em San Cosme, Província de Corrientes, por volta das 20h. Não havia ninguém acampado. Nessa época de inverno, os campings argentinos ficam praticamente abandonados pois a procura é muito pequena. É um camping municipal, cuidado pela prefeitura. Estavam celebrando uma festinha infantil no salão de festas. Nos arrumaram um local para encostar, com tomada disponível. O clima estava bem ameno. Conversei um bom tempo com o administrador do camping, Sr. Alfredo, que arranha bem o português e adora o Brasil. Consegui apontar a SKY e pudemos assistir um pouco de TV.
Acampado no Camping Laguna Totora em San Cosme, Província de Corrientes/ARG. Rio Paraná ao fundo.
Roteiro do 5º dia
Continuarei em breve…
Rodrigo!
Que relato incrível, gostamos das dicas em Foz, já estou colocando no próximo roteiro de férias.
Grande abraço e continuamos acompanhando.
Família M&Ms
Olá João,
Sobre a Xterra, estou com ela há pouco mais de 4 anos e estou bastante satisfeito. É um veículo confortável, bem básico. Câmbio e sistema de tração totalmente mecânicos, direção hidráulica, freios ABS e alguns outros confortos como vidros e travas elétricos e ar condicionado. A minha é ano 2004 com bomba injetora mecânica, fiz questão desta configuração por preferência minha.
O consumo dela no circuito misto que realizo no meu dia a dia é de 11 Km/L de Diesel S500. Já rebocando o Turiscar Rubi o consumo sobe para 8,5 Km/L.
Em relação a manutenção, acho bem tranquila e relativa ao desgaste natural das peças. O valor é bem de acordo com outros veículos deste segmento.
Sobre a SW4, acredito que em relação a Xterra ela tenha algumas vantagens como opção de câmbio automático, suspensão com molas espirais na traseira e um melhor isolamento acústico. Claro, estas são vantagens do meu ponto de vista, que para outros podem não ser.
Se tiver outras dúvidas que eu possa ajudar, estou a disposição.
Abraço!
Matheus Silveira.
Buenas Rodrigo!
Agora que cheguei num Camping com wi-fi; um pouco lenta, verdade, porem muito melhor do que nada!
Gostando demais do relato, e ansioso pela continuação; grande abraço!
Dardo.
Continuando…
6º dia - Corrientes a Villa Urquiza - 598 km
Quando acordamos por volta das 7h, percebemos a beleza do camping que estávamos estacionados, pois havíamos chegado com tudo escuro na noite anterior. Não sabíamos que se tratava de um camping às margens do Rio Paraná (ou de um braço dele). O Camping Municipal Laguna Totora possui praias e no verão deve ser bem procurado, pois a estrutura é grande. É uma região muito procurada para pesca, principalmente do Dourado.
Desengatei o carro e fui até um mercadinho da Villa San Cosme para comprar alguns mantimentos que faltavam em nossa cozinha e um chip de celular. É uma vila pequena, mas bonitinha. Deu pra perceber várias casas de veraneio, provavelmente de pessoas que vão para lá para pescar.
Por volta de 9h, saímos do camping e iniciamos o trecho até Santa Fé. Um pouco antes de Corrientes, em torno de 15 km, paramos em um posto para abastecer. Como precisávamos ativar o chip de celular numa loja oficial da operadora Claro, por sermos estrangeiros, precisaríamos ir até o centro de Corrientes. Para isso, desengatamos o trailer no posto para não rodar com o conjunto no centro da cidade e fomos dar uma passeada por lá. Localizamos uma loja da Claro e conseguimos ativar o chip. A partir dali já tínhamos a comunicação normalizada. As regiões norte e central da Argentina funcionam bem com a Claro e durante a viagem tivemos poucos pontos sem sinal. Voltamos ao posto para engatar o trailer e conseguimos sair por volta de 13h.
As estradas desta região, além de infinitamente planas, são infinitamente retas. Chegaria a ser monótono se não fossem as belas fazendas de gado que existem por ali. Quilômetros e mais quilômetros com pouquíssimo movimento. No entanto, a polícia sempre presente nos postos, e como disse anteriormente, nos pararam várias vezes, e quando isso não acontecia estavam sempre ali no meio da pista, prontos para nos parar.
Neste dia, rodamos aproximadamente 600 km. Já próximo à Santa Fé a temperatura começou a baixar. Este trecho, em razão da saída tardia de Corrientes, foi um dos mais cansativos até ali, pois conseguimos chegar no Camping Villa Urquiza, próximo à Santa Fé, já por volta das 22h. A cidade próxima ao camping estava deserta em razão do horário. Ao chegarmos no camping, só havia uma van e uma barraca de lona. Muito deserto. Por se tratar de camping municipal, não tinha ninguém para nos receber. Encostei próximo a um ponto de água e energia e preparei as coisas para dormirmos. Um carro de polícia entrou pelo camping, fazendo ronda. Parou para conversar comigo. Me passou o contato telefônico, caso precisasse de alguma coisa. Muito cordiais. Até finalizarmos as coisas, já era tarde. E neste dia, sentimos o maior frio de toda a viagem. Não havia comprado ainda o aquecedor de ventilação forçada indicado pelo Dardo e não podíamos ligar o ar condicionado e razão da diferença de frequência elétrica, como expliquei anteriormente. O jeito foi dormirmos abraçando as crianças, debaixo das cobertas, haja vista que a temperatura beirou os 5ºC. Foi um vacilo meu, pois não acreditava que ali em Santa Fé já faria frio. Na verdade, era um frio atípico para aquela região. Não era comum. Demos este azar. A noite foi longa, mas passou…
Rio Paraná - Camping Villa Urquiza
Camping Villa Urquiza
Roteiro 6º dia
Rodrigo!
Fantástico relato, e as fotos do camping lembrou os antigos campings municipais do Rio Grande do Sul, simples mas bem ajeitados na margem dos nosso rios, pena que os municípios não estão mais tão empenhados com o campismo como antigamente.
Grande abraço e estamos acompanhando.
Família M&Ms
Parabéns, continuação do relato em alto estilo, com fotos lindas e muito ilustrativas; em definitiva, dignas do Oscar ao melhor roteiro…os gringos não sabem o que estão perdendo em não te indicar para o premio…azar deles!
Sei que andas muito ocupado, e isso, aumenta mais o brilhantismo do teu trabalho; obrigado por compartilhar conosco, e grande abraço!
Dardo.
Marcelo e Dardo,
Bem legal que estejam acompanhando! Estou deveras me esforçando para conseguir escrever nas horas vagas… o problema é que elas tem me faltado! ! Obrigado pelos elogios quanto ao relato, mas ainda falta muito pra ficar bom! Quem sabe, ao final, eu o considere razoável!
Quanto aos campings lá da Argentina, o que deu pra perceber é que utilizam este tipo de recurso muito mais que nós, brasileiros. Toda cidadezinha possui um camping municipal, geralmente muito baratos. Nesta época que fui, infelizmente são pouco utilizados… mas também não são malucos como eu pra ficar congelando naquele frio de inverno!
Uma pena realmente que os nossos governos não invistam mais neste tipo de recurso para turismo. Tem custo relativamente barato e poderiam muito bem impulsionar o turismo no interior desse Brasilzão Baronil!
Abraços a vocês e continua…
7° dia - Villa Urquiza a Villa Maria - 370 km
Apesar do cansaço, acordamos cedo, até porque nem dormimos direito com o frio que passamos durante a noite! Quando abri a porta do trailer, dei de cara com o grandioso Rio Paraná bem à minha frente! O camping Villa Urquiza, a exemplo do Laguna Totora, também estava às margens do rio. Um lugar bem legal. Demos uma circulada para tirar fotos. Acampado no camping estava um senhor solitário. Ele tinha uma van e uma barraca de lona. Conversamos um pouco. Não tinha casa. Vivia na estrada, errante. Reclamou da economia da Argentina e das dificuldades que o país vinha enfrentando.
Rio Paraná - Camping Villa Urquiza
Por volta de 11h, conseguimos sair do camping. O vilarejo de Villa Urquiza é um local bem aprazível. Também deu a impressão de possuir muitas casas de veraneio, muito bonitas, mas fechadas naquela época de inverno. Abastecemos o carro na saída da vila e apontamos para Santa Fé.
Essa região tem uma obra de engenharia bem interessante: um túnel subfluvial! Em 2008 havia passado por esta estrada muito legal! A cidade de Paraná, no lado leste do Rio Paraná, é ligada à cidade de Santa Fé, do outro lado do rio, a oeste, por um túnel subfluvial, passando por baixo daquela imensidão de água! Uma obra fantástica!
Entrada Túnel Subfluvial Paraná-Santa Fé (Imagem Google Street View)
Passando por Santa Fé, não tive como não me lembrar da história do argentino que se mudou para o Canadá no vídeo “El diario intimo de primo nacido en Santa Fe que vive en Toronto!”. Quem ainda não assistiu, sugiro de coração!
Saindo de Santa Fé tomamos a Ruta 19 em direção a San Francisco. Quando compramos o trailer e iniciamos as pesquisas sobre como rodar na Argentina rebocando um, contatei pela internet um rapaz de San Francisco chamado Ariel que comercializava trailers usados naquela cidade e passei a pegar várias dicas com ele, principalmente sobre legislação de trânsito por lá. Ele sempre foi muito cordial e resolvemos passar por ali para conhecê-lo pessoalmente. Entramos em contato com ele e fomos até a garagem onde guarda os trailers que comercializa. Ele se encantou com o nosso. Desengatamos o trailer e fomos dar um giro na cidade, bem bonita e limpa, por sinal. Precisávamos comprar o tão falado “caloventor” (aquecedor com ventilação forçada), pois não podíamos passar por outra experiência de frio como a da noite anterior! O Ariel nos acompanhou até uma loja de eletrodomésticos. O aparelho me custou uns 150 reais, mas com certeza valeria a pena! Passamos ainda numa ferragista para comprarmos tomadas com o padrão Argentino, que é diferente do nosso! Na verdade, o nosso padrão de tomadas elétricas é único no mundo! Talvez a Nasa pudesse estudar a mente iluminada do criador desse nosso padrão de tomada, pois é impressionante o que dificulta a nossa vida!
Voltamos para o estacionamento do Ariel, engatamos o trailer e retomamos a viagem. Dali até Villa Maria seriam mais 160 km e já começava a escurecer, por conta do inverno. Ariel nos alertou que passaríamos num trecho entre 30 e 40 km de pista não muito boa, com bastante irregularidades. Realmente o trecho não era dos melhores, mas nada comparado às “panelas” que estou acostumado a ver na BR-153 (Belém-Brasília)! Ali sim os buracos são bem dotados!
Por volta de 20h chegamos a Villa Maria. O Ariel tinha nos indicado um posto de gás natural na entrada da cidade para estacionarmos e passarmos a noite. Nos deixaram estacionar, mas não nos cederam tomada para ligarmos o aquecedor, nem mesmo suplicando! Como não pudemos abastecer naquele posto (pois só vendiam gás natural), resolvemos ir até um posto Petrobrás mais ao centro da cidade. Mesmo abastecendo o carro, não nos deixaram estacionar! Posto muito pequeno.
Posto Petrobrás Villa Maria - Estacionamento limitado (Imagem Google Street View)
Até num hotel ali perto encostamos, perguntando se poderíamos passar a noite no estacionamento. Mesmo lá não conseguimos.
Hotel 5 asteriscos (não estrelas) em Villa Maria (o pessoal lá considerou o Chiocciolino muito “pé rapado” para pernoitar por ali! l - Imagem Google Street View
Encontramos um posto Axion Esso próximo dali. Os frentistas, camaradas, nos arrumaram até um local coberto para estacionarmos e ainda nos cederam a tão desejada tomada. Nos comprometemos a sair às 6h da manhã, pois não podíamos atrapalhar o fluxo do posto. Agora tínhamos a certeza que passaríamos uma noite quentinha com o nosso novo aquecedor! Tomamos banho e literalmente apagamos!
Posto Axion Esso em Villa Maria - Camaradas (Imagem Google Street View)
Com esta experiência que passamos, cabe aqui um bom comentário sobre os postos argentinos! Aos que ainda não conhecem, não esperem encontrar postos amplos como os nossos brasileiros. Em geral são pequenos, sem pátios para estacionamento. Vi poucos onde haviam caminhões pernoitando, como ocorre nos postos brasileiros. Isso não me pareceu comum por lá. Também não pareceu comum fornecerem tomadas para caravanistas. Isso realmente me surpreendeu, porque temos a impressão que os argentinos utilizam muito mais o caravanismo que nós e em razão disto eu contava que encontraria locais para pernoitar mais facilmente que aqui no Brasil. Convido o amigo Dardo a manifestar sua opinião sobre este tema, se puder, para enriquecermos o relato!
Roteiro do 7º dia
OBS: Tenho poucas fotos deste, infelizmente, pois estava empenhado em fazer a viagem render e acabei deixando de registrar algumas coisas.
Continua em breve…
Buenas Rodrigo! Dei muitas risadas com o video do Santafesino em Toronto
De fato, nos postos da Argentina em geral, o espaço e’ uma coisa rara, e sobre a permissão para ter eletricidade, tenho utilizado pouco, mas sim, em geral, e’ difícil em determinados lugares conseguir energia, pois não tem la’ o pessoal muito costume de pedir eletricidade para os postos, talvez em função do preço da mesma. Alem disso, como tem campings municipais nas cidades em geral, e o custo e’ relativamente baixo neles, o pessoal passa a noite nos campings municipais, que por vezes ate’ são de graça fora de temporada.
Continuo acompanhando o relato: grande abraço!
Dardo.
Dardo,
Realmente este vídeo do Santafesino é hilário! Vale a pena rir com ele!
Em relação aos campings municipais, você sabe como são as mulheres, né!? Depois da experiência com o camping de Villa Urquiza, que estava bem deserto, a Gabi passou a ter receio em pernoitar nestes campings e acabou me gerando este problema em busca dos postos de combustível, que nem sempre acolhem os campistas…
Abraços!
Continuando…
8º dia – Villa Maria a Mendoza - 620 km
Como os frentistas do posto que pernoitávamos tinham nos orientado a levantar acampamento até 6:30h da manhã, assim o fizemos. Acordamos cedo e preparamos as coisas para sairmos neste horário. As crianças ainda dormiam e isso nos ajudaria a dar rendimento na viagem, pois não tínhamos que parar tanto. O primeiro trecho desta etapa, entre Villa Maria e Villa Mercedes, passando por Rio Cuarto, me impressionou muito pelas belas fazendas de gado e lavouras que existem por ali. É uma região bem agrícola da Argentina. A rodovia estava bem conservada e sem muito movimento, mas pista simples neste trecho. Boa parte das rodovias simples na Argentina possuem acostamento bem amplo, gramado, com boa área de fuga em caso de emergência.
O clima começou a esfriar a partir deste dia. Saindo de Villa Mercedes já se toma a Ruta 7 duplicada que vem de Buenos Aires em direção a Mendoza. Me animei, pois a viagem renderia bastante na pista dupla, além de diminuir bem a tensão das ultrapassagens. Próximo a San Luis paramos para abastecer num posto Shell às margens da rodovia. Como já era hora do almoço, resolvemos encostar no pátio do posto para prepararmos algo para comer. O frio já se intensificava. Por precisarmos do micro-ondas, resolvi recorrer ao gerador e me deparei com um problema interessante: o gerador não ligava, ou melhor, quando ligava, não conseguia manter a aceleração e apagava. A luz do óleo acendia. Me preocupei um pouco, mas imaginava que não poderia ser falta de óleo, pois o gerador tinha poucas horas de uso, e tudo tinha sido verificado antes de iniciarmos a viagem. Resolvi dar uma lida no manual e bingo! Tinha uma tabela lá indicando a utilização de óleo mais fino em caso de temperatura baixa. Como estava no posto, aproveitei para adquirir um litro de 5W30, mais fino do que estava no cárter. Troquei o óleo e tudo voltou a funcionar normalmente. O óleo estava tão grosso que segurava o giro do motor, como uma graxa.
Pausa para almoço e troca do óleo do motor do gerador
Nas rodovias argentinas existem painéis eletrônicos próximo aos postos de controle policiais que leem as placa dos carros e já informam os policiais à frente se está tudo em ordem com o imposto veicular (IVA). No nosso caso, o sistema identificou o nosso carro como uruguaio.
Painel eletrônico que monitora as placas dos carros
Ao entrar na Província de Mendoza (região, como os estados brasileiros), um belo pórtico te recebe. E um pouco mais à frente, todo carro é inspecionado minuciosamente para impedir a entrada de pragas na região, que podem ser carreadas por meio de produtos de origem vegetal e animal que os condutores possam, eventualmente, estar carregando. Conosco não foi diferente, ainda mais em razão do trailer. Inspecionam a geladeira e os armários e confiscam os produtos que se enquadraram como proibidos. Mas sempre muito educados e cordiais. É um trabalho muito bem realizado para proteção da agricultura e pecuária daquela região, que vive quase que exclusivamente do agronegócio.
Entrada da Província de Mendoza
A pista dupla, como eu disse, fez a viagem render e conseguimos chegar a Mendoza por volta das 17:30h, mas já era noite por causa do inverno. Em Mendoza tínhamos programado para acamparmos no Camping Suizo, após recomendação enfática do Dardo, que esteve acampado lá por mais de 2 meses em 2017 (Vide “Primeira Viagem do Novo Guanaquito”) e já tinha se tornado amigo do proprietário, Sr. Lalo, torcedor do Boca Juniors e proprietário de uma cadela Labrador, que joga bola como ninguém! O Lalo, por sinal, se tornou meu amigo também! Pessoa muito simpática e prestativa! Assim, apontamos o GPS pra lá e, logo tenha nos jogado para o centro da cidade rebocando o trailer, não foi difícil chegarmos rapidamente no camping, apesar de estar localizado no lado oposto da cidade para quem chega de San Luis.
Centro de Mendoza - Exuberância dos Plátanos
Cruzando o Parque General San Martín em direção ao Camping Suizo
Não havia ninguém acampado no camping. O Lalo nos recebeu muito bem e nos indicou onde poderíamos estacionar. Como sempre é necessário um pouco de desafio, ao chegarmos no camping, além de estar escuro, garoava, fazia um frio da “moléstia”, como dizem nossos nordestinos e ainda havia barro no local que o Lalo indicou para encostar o trailer! Desafio nível “high”! Definitivamente julho não é uma data muito recomendável para se acampar em Mendoza e por isso não havia ninguém lá… somente os goianos loucos aqui! O Camping Suizo, na verdade, estava fechado. O Lalo apenas nos recebeu porque o Dardo havia feito contato previamente com ele e, por camaradagem, abriu uma exceção.
Chegada no Camping Suizo - preparando para desengatar
Eram muitas coisas para preparar para enfim poder descansar… tinha que adaptar as mangueiras de água e esgoto, a energia elétrica, alinhamento e nivelamento do trailer… muitas coisas que me fariam dormir bem tarde da noite, apesar do cansaço. Mas consegui, e enfim pudemos tomar um vinho para brindarmos nossa chegada sãos e salvos a Mendoza! Estávamos muito felizes! O frio beirava os dois graus Celsius positivos e, apesar das recomendações do Dardo para nunca deixar água nas tubulações do trailer, confesso que estava muito cansado para, naquela altura do campeonato, correr atrás disso! Tive que arriscar. Mas não baixou de zero durante aquela madrugada. Tive sorte. E assim repousamos…
Roteiro do 8º dia
Continua em breve…
Continuando…
9º dia (05/07/2018) – Passeio pelo centro de Mendoza
Depois do cansativo dia anterior, aproveitamos a manhã para descansar e dormimos até mais tarde. Saímos para almoçar no La Florência, indicação do Lalo. Restaurante bem bacana no centro da cidade que vale a pena conhecer.
Como chegar na Estancia La Florencia
Depois do almoço, estacionamos o carro e fomos caminhar a pé pelo centro. Aproveitamos para passar em frente ao Hotel Mendoza para mostrá-lo às crianças. Foi neste hotel onde ficamos hospedados na nossa lua de mel em julho de 2008. Na sequência, passamos pela Plaza Independencia, onde aproveitamos para brincar um pouco com as crianças.
Depois da caminhada, achamos um Carrefour para fazer as compras necessárias para abastecer a despensa do trailer e voltamos para o camping. Clima muito agradável para um bom vinho. Dia tranquilo, para descanso.
10º dia - (06/07/2018) – Conhecendo o Aquário Municipal, o Serpentário e Área Fundacional de Mendoza
Dia de passear com as crianças. Resolvemos conhecer o Aquário Municipal de Mendoza. Não é um local muito grande, mas é bem cuidado e tem boa variedade de peixes e alguns répteis. Logo em frente ao aquário se localiza o serpentário. Neste local existe uma variedade imensa de cobras do mundo todo reunidas, desde inofensivas até as mais venenosas. Vale a pena conhecer.
Faxada do Aquário de Mendoza
Aquário de Mendoza
Tartaruga Jorge - Mais de 90 anos de idade
Perto do aquário e serpentário se encontra o Museu da Área Fundacional de Mendoza, local onde a cidade se iniciou. Aproveitamos para passar um pouco de cultura para as crianças, pois no museu existem peças anteriores e posteriores à colonização espanhola.
Fachada do Museu da Área Fundacional de Mendoza
Em volta da praça onde se localiza o museu existem as ruínas da Igreja de São Francisco, praticamente destruída com o terremoto ocorrido em 1861.
Ruínas da Igreja Jesuítica de São Francisco
Voltamos para o trailer por volta de 15h para assistir a malfadada Seleção Brasileira ser derrotada pela Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo. Por que perdemos tempo assistindo isso? Eis a pergunta… Dane-se a Seleção… Tomamos uma boa garrafa de vinho para comemorar a vitória da Bélgica.
Roteiro do 10º dia
11º dia (07/07/2018) – Passeio por Tupungato e El Manzano Histórico
O passeio deste dia foi baseado na sugestão do amigo Dardo! Saímos por volta de 9h em direção ao sul de Mendoza, rumo a Tupungato, cidadezinha muito agradável e terra das frutas secas e castanhas. Imperdível para quem deseja conhecer a região de Mendoza! As crianças ainda dormiam quando saímos. No caminho para Tupungato, passamos na porta da vinícola Susana Balbo, produtora de um dos vinhos que realmente apreciamos. Queríamos conhecer a vinícola, mas a decepção foi grande, pois não nos receberam. Não tínhamos agendado a visita e por este motivo não conseguimos entrar. Pelo caminho até Tupungato se passa por vários vinhedos. É a região de Mendoza onde se concentram a maioria deles. Já em Tupungato, paramos numa loja de frutas secas e castanhas. Nos esbaldamos com tanta variedade e fizemos a festa naquela loja, com tantos produtos baratos (pelo menos para nós brasileiros, que pagamos preço de ouro por este tipo de produto). Destaque para as nozes e peras desidratadas.
Saindo de Tupungato em direção a El Manzano Historico, um controle policial da Gendarmeria Nacional Argentina parecia coisa de filme. Uns vinte militares no meio da pista, vistoriavam todos os carros que passavam. Poucos quilômetros antes, sem saber do controle policial, eu havia fixado a câmera GoPro no capô do carro para filmar a Cordilheira que se abria à nossa frente. Isso quase me deu problema com os oficiais, que questionaram se eu os filmava. No fim, tudo deu certo e seguimos até El Manzano Histórico. No caminho ainda encontramos uma espécie de oratório a São Expedito e à Defunta Correa. Interessante local, que caracteriza bem a fé dos argentinos, que em geral são muito católicos.
A Defunta Correa é uma figura religiosa na Argentina que atrai centenas de milhares de devotos, pela sua história trágica e alegados milagres. O seu culto não é reconhecido pea Igreja Católica, como tal não é considerada como santa, nem a sua existência real está devidamente documentada. Segundo a lenda, María Antonia Deolinda Correa era uma jovem mulher na década de 1840 que decidiu seguir o seu marido quando este foi recrutado para combater na guerra civil. Levando um bebé recém-nascido nos braços, Deolinda Correa seguiu o progresso do exército argentino durante algum tempo. Quando atravessou a zona desértica em torno da província de San Juan, os mantimentos e água que levava acabaram e acabou por morrer de sede e exaustão. Algum tempo depois o seu corpo foi encontrado e, para espanto dos viajantes, o bebé estava ainda vivo, supostamente graças ao leite que o corpo da sua mãe continuou a produzir, mesmo depois da morte. O evento foi considerado como milagre divino e o local foi assinalado com um pequeno altar (Fonte: Wikipédia).
Cruzando a Argentina de norte a sul é possível ver frequentemente às margens da rodovia uma pequena capela, com adereços vermelhos e muitas garrafas de água acumuladas, como uma espécie de oferenda à Defunta Correa.
Às margens da Ruta 7, apontado para a Cordilheira
Caminho para Tupungato
Caminho para Tupungato
Caminho para Tupungato
Caminho para Tupungato
Ofertório a Santo Expedito e à Defunta Correa
Homenagem à Defunta Correa
Vinhedo no caminho a Tupungato
El Manzano Historico
El Manzano Historico
O vilarejo de El Manzano Historico é habitado por incríveis 26 pessoas! Uma metrópole! ! É famoso por crerem que embaixo de uma macieira daquele local, o General José Francisco de San Martin y Matorras (1778-1850), militar responsável pelas campanhas revolucionárias de independência da Argentina, Chile e Peru, e alguns soldados passaram a noite quando regressaram da campanha do Chile, pois naquela latitude se encontra um dos passos de ligação entre a Argentina e o Chile.
Em El Manzano Histórico havia nevado um pouco durante a noite e haviam resquícios de neve ainda. As crianças se maravilharam, apesar do gelo estar em pequenas porções. Existe um belo monumento a San Martin numa colina, chamado “El Retorno a La Patria”, o qual fizemos questão de apreciar. Ao pé do monumento existe um centro de apoio ao turista com informações sobre aquele histórico local. Saindo de El Manzano Histórico em direção à Cordilheira existe uma estrada de rípio entre as montanhas. Percorremos 11 km nesta estrada, em direção ao Chile. É uma estrada de travessia, mas fomos somente até ali e retornamos a Manzano. Para tirar fotos naquele local, não é necessário curso de fotografia. Basta apenas mirar e tirar a foto! Impossível a foto não prestar!
Monumento El Retorno a La Patria, dedicado a San Martin
Monumento El Retorno a La Patria, José de San Martin e seu amigo, Coronel Manuel Olazábal
Adentrando a Cordilheira pela Ruta 94
Macieira que simboliza o local onde San Martin repousou, em 1823, quando retornou do Chile
Para não voltarmos a Mendoza pelo mesmo caminho, preferimos passar por Tunuyán pela Ruta 40. Belíssimas paisagens. Na entrada sul de Mendoza, passamos no Shopping Palmares para almoçarmos (na verdade, comermos sanduíche) e fazermos algumas compras no supermercado. Chegamos ao camping já era início da noite.
Roteiro do 11º dia
12º dia (08/07/2018) – Passeio em Uspallata
Não é tão comum nevar em Mendoza, apesar de acontecer geralmente uns dois dias por ano. Mas na nossa estada por lá não tivemos esta sorte. Assim, tivemos que seguir rumo à Uspallata, subindo a Cordilheira, para que pudéssemos ver definitivamente a neve! Dia muito especial, porque posso afirmar que a viagem inteira poderia se resumir exclusivamente a este dia! Seria o ápice da viagem, pois a intenção era apresentar a neve para as crianças, que ainda não tinham tido esta experiência vivendo no sol de rachar do Centro-Oeste brasileiro.
Para chegar a Uspallata, por indicação do Lalo, fizemos o caminho por Cacheuta e Potrerillos. Segundo ele, a paisagem seria mais bela por ali. E realmente, apreciamos realmente o caminho. Para quem não conhece ainda Mendoza, aqui cabe um comentário interessante… a cidade de Mendoza está localizada numa região que pode ser considerada desértica. Chove muito pouco durante o ano e toda a água utilizada na cidade é proveniente do degelo dos Andes. Esta água de degelo escorre da Cordilheira por pequenos riachos e um deles é represado em Potrerillos, uma pequena cidade com 2 mil habitantes às margens de um reservatório gigante, com 1.500 hectares de espelho d’água que abastece toda a região de Mendoza. De acordo com o dia da semana, a água é direcionada a diferentes regiões da cidade através de canais que conduzem a água, geralmente margeando as ruas e estradas e abastecem as fazendas e vinícolas, para irrigação dos vinhedos. Existem pessoas responsáveis por monitorar esse caminho da água e direcioná-la às propriedades que irão consumí-la. São os comporteiros. A logística deste processo é muito interessante!
O caminho até Uspallata é maravilhoso, numa espécie de fenda no meio da Cordilheira, com as montanhas nos acompanhando do lado esquerdo e direito do carro, além de um belo riacho de água cristalina correndo entre pedras. Chegamos em Uspallata por volta de 13h e fomos direto até uma loja para alugarmos roupas para neve e botas. Nessas lojas é possível alugar todos os acessórios para um passeio na neve, como jaquetas, calças, botas, luvas, trenós, esquis, e até correntes para os pneus do carro, obrigatórias nesta época para cruzar a Cordilheira. Como era um domingo, haviam muitos carros subindo as montanhas para, igualmente como nós, se divertirem na neve. O dia tinha amanhecido bem nublado e tínhamos receio de que não desse para aproveitá-lo bem, mas ao chegarmos em Uspallata o céu se abriu e ficou exuberantemente azul! O contraste com a neve branca nos deixou maravilhados. É de uma beleza ímpar!
Próximo a Potrerillos
Às margens da represa de Potrerillos
Ruta Nacional nº 07 - Em direção à Uspallata
Cordilheira exuberante ao fundo
Adentrando a Cordilheira
Los Penitentes
Estação de esqui de Los Penitentes
Ruínas do hotel em Puente del Inca
Entrada para o Parque Provincial do Aconcágua
Ruta Nacional nº 07
Na altura de Los Penitentes, que é uma estação de esqui bem procurada daquela região, aproximadamente 10km antes da entrada para o Serro Aconcágua e 27km da fronteira com o Chile, em Paso Internacional Los Libertadores, paramos o carro às margens da rodovia, como todo mundo estava fazendo. Na verdade, foi difícil encontrarmos uma vaga para estacionarmos, pois eram muitos carros parados. E por ali todo mundo sobe as montanhas para se divertir, seja com trenós, esquis, ou mesmo para construir um belo boneco de neve. Observamos que o fluxo de caminhões brasileiros naquela rodovia era intenso, já que é a ligação mais comum para o Chile. Nos esbaldamos com as crianças e brincamos muito na neve com eles. De boneco de neve a trenó, fizemos de tudo um pouco. Foi realmente muito divertido! As crianças estavam exaustas, mas não queriam ir embora. Por volta de 16h já escurecia, porque a Cordilheira forma um paredão imenso que literalmente cobre o sol. O frio também começa a aumentar com a ida do sol. Pegamos o carro e rodamos até a entrada do Parque do Aconcágua para o avistarmos, mesmo que de longe. O Aconcágua fica a 25 km da rodovia, mas é possível ver o seu cume, ao fundo das montanhas. Próximo dali, passamos em frente à Puente Del Inca, onde uma avalanche em 1965 arrastou do mapa um hotel que havia no local, permanecendo de pé apenas uma pequena igreja que existia no local. A noite chegou rápido e assim, por volta das 18:30h iniciamos a descida de retorno para Uspallata, já que precisávamos devolver os equipamentos alugados. O congestionamento no retorno era imenso. Num trecho de aproximadamente 60 km até Uspallata gastamos em torno de 2,5 horas. Fila enorme de caminhões e carros, mas tudo congestionado em virtude da fiscalização da aduana argentina nos caminhões que desciam a Cordilheira no sentido Chile-Argentina, já que o pátio para estacionamento deles não comportava tantos veículos. Foi cansativo este retorno. Às 21h chegamos na loja em Uspallata, já no horário limite para devolvermos os equipamentos. No retorno para Mendoza, as crianças literalmente desmaiaram no carro, de tão cansadas que estavam. Chegamos no camping às 23h, cansados demais, mas muito satisfeitos e gratos pelo belo dia aproveitado.
Roteiro do 12º dia
13º dia (09/07/2018) – Passeio numa olivícola
Acordamos um pouco mais tarde neste dia para compensar o intenso dia anterior. Era feriado em Mendoza, em razão do Dia da Independência da Argentina. Por volta de 13h saímos do camping para almoçar no restaurante El Assadito, também recomendação do Lalo. Restaurante muito procurado e bem lotado, em razão do feriado. Foi necessário esperar em fila para entrar. Comida deliciosa, com preço justo. Dali, seguimos para a Olivícola Maguay para apresentarmos para as crianças como é produzido o azeite de oliva e as azeitonas que tanto gostamos. O local dispõe de um tour guiado, desde a plantação até a fábrica de classificação das azeitonas. Infelizmente não era época de colheita e o local também não processa as azeitonas para extração do azeite. A maioria das olivícolas por ali, por serem pequenas, terceirizam geralmente a prensagem das azeitonas/extração do azeite a prestadores de serviços, que possuem equipamentos volantes que vão de propriedade em propriedade fazendo este serviço. Em razão do alto custo dos equipamentos utilizados na extração, os produtores de azeitona preferem se dedicar ao plantio e classificação das mesmas, e terceirizar a extração, evitando assim imobilizar muito capital, já que a produção é sazonal. Apresentamos a bela plantação de oliveiras às crianças e a fábrica onde são classificadas as azeitonas. Depois fizemos uma degustação de diferentes tipos de azeites e azeitonas e aproveitamos para adquirir alguns na lojinha da empresa.
Uma oliveira
Saindo da olivícola, resolvemos conhecer a fábrica de chocolates La Cabaña, localizada no centro de Mendoza, mas em função do feriado não estava produzindo e preferimos visitá-la em outro dia. Mas foi possível passearmos na loja e comprarmos alguns chocolates. Nada de magnífico, mas achávamos que seria um local interessante para as crianças conhecerem.
No retorno para o camping, resolvemos parar num supermercado Walmart para umas compras. Nunca havia vivido uma experiência tão horrível num supermercado… a fila para o caixa era interminável, mas como nosso estoque de leite já tinha se esgotado e nossas crianças são movidas a leite, tivemos que encarar aquela situação ridícula de ter que esperar literalmente 1 hora na fila! Para nunca mais! Por volta de 20:30h chegamos ao camping e a Gabi nos preparou uma bela sopa, que acompanhada de um bom vinho, compensou a raiva que passamos com o supermercado!
14º dia (10/07/2018) – Passeio em vinícola e numa fábrica de chocolates
Carroça centenária - Museu do Vinho - Bodega La Rural
Vinhedo na Bodega La Rural
Peça do Museu do Vinho - Bodega La Rural
Peça do Museu do Vinho - Fabricada em couro para macerar a uva com os pés - Mais de 400 anos
Dia reservado para levarmos as crianças para conhecer uma vinícola. Apesar de serem menores, os pais adoram vinhos! ! Optamos por levá-los na Vinícola La Rural (http://bodegalarural.com.ar), fabricante dos vinhos Trumpeter, San Felipe e Rutini… Já havíamos estado ali em 2008 e gostamos muito. Além de uma ótima vinícola, funciona como museu do vinho e é um dos maiores acervos deste tipo na Argentina. Possui mais de 4,5 mil itens. Realmente muito completo. Eles oferecem um tour guiado nas instalações da vinícola, que vai desde o parreiral até a fábrica de vinhos. Depois é possível percorrer todas as instalações do museu, apreciando os diversos itens expostos. Existem peças com mais de 400 anos. Muita história ali reunida. As crianças apreciaram bastante. Degustamos alguns vinhos fabricados pela vinícola e aproveitamos para comprar algumas garrafas.
Da vinícola, voltamos à fábrica de chocolates La Cabaña para conhecermos o processo. Desta vez a fábrica estava funcionando. As crianças gostaram bastante da experiência. O interessante é que a maioria do chocolate utilizado na fábrica é proveniente do Brasil.
Dali, passamos numa casa de câmbio no centro da cidade para comprarmos alguns pesos e depois fomos ao Shopping Mendoza, localizado na zona leste da cidade, para comermos alguma coisa e conhecermos o local. Passeamos um pouco pelo shopping (algo que realmente não me dá muito prazer) e por volta das 21h retornamos ao camping.
Mapa da Bodega La Rural
15º dia (11/07/2018) – Passeio em Villavicencio
Este dia foi dedicado a conhecer a Reserva Natural Villavicencio. Mais uma bela dica do Dardo!
Saímos do camping por volta de 9h, sentido norte da cidade de Mendoza. A estrada até Villavicencio é muito reta e plana. Chega a ser monótona. É um trecho de 60km. A reserva natural possui cerca de 62 mil hectares e foi criada no ano 2000, após a empresa francesa Danone comprar aquelas terras juntamente com a mina d’água que fornece a água mineral Villavicencio, a mais famosa da Argentina, engarrafada pela empresa. A reserva tem uma vegetação bem interessante, tipo a nossa caatinga no Brasil. O solo parece ser muito fraco, com muitas pedras. Lembra bem um deserto. A vegetação é bem baixa. Dentro da reserva encontra-se o Gran Hotel Villavicencio, construído nos idos de 1940 e que funcionou até 1979, logo após a Copa do Mundo de 1978 que aconteceu na Argentina. Já próximo ao Hotel Villavicencio começaram a aparecer as curvas da subida das montanhas. O hotel se encontra a 1.750 metros do nível do mar. Bem na sua entrada estava estacionado um caminhão de expedição (http://www.andestruck.com.ar), responsável por passeios que sobem as montanhas a partir dali, com opção de chegar até o primeiro mirante do vale (12 km), ou continuar até Uspallata pela Ruta 52, nos famosos Caracoles de Villavicencio, com 365 curvas. Contratamos o passeio curto. A grande sensação para as crianças era andar naquele caminhão brutamontes! É uma estrada de rípio, muito sinuosa e íngreme. Olhando para baixo, um despenhadeiro assustador. Com sorte é possível avistar bandos de guanacos e até mesmo condores, mas fomos premiados apenas com os primeiros. Entre a saída do hotel e o retorno, o passeio dura em média 1 hora e meia. As crianças se divertiram muito, apesar de terem sentido um pouco de náuseas em razão da altitude e das curvas. Lá de cima a vista é formidável! Impossível as fotos ficarem feias! No retorno, fomos visitar o pátio externo do hotel. Infelizmente o interior das instalações não estava aberto à visitação já que, em razão de o local ter ficado abandonado por alguns anos, o hotel foi depredado e muita coisa foi saqueada. Até mesmo os patamares de madeira das escadas foram levados pelos vândalos! Inacreditável!
A Termas de Villavicencio era um empreendimento anterior ao hotel e foi iniciada em 1923 por Ángel Velez, um fazendeiro da região, e objetivava engarrafar aquela água mineral, antigamente tratada como medicinal. Após a compra das terras da reserva e a mina d’água pela Danone no ano 2000, todo o encanamento que trazia a água das montanhas e que era inicialmente de ferro fundido foi substituído por canos de inox e lançados a mais de 30km para fora da reserva natural, onde se localiza a planta engarrafadora de água da empresa. A água, ao sair da mina, é quente como as águas de Caldas Novas-GO, mas perde o calor no seu percurso até a planta onde é engarrafada.
Retornamos no final do dia, ainda claro. É um dos passeios que valem a pena em Mendoza! Passamos num supermercado para comprarmos carne para churrasco, já que o Heitor me pedia há uma semana para fazer um churrasquinho pra ele, e eu, sem coragem em razão do frio, procrastinava dia a dia! Deu trabalho para encontrar carvão, pois os argentinos têm costume de utilizar lenha para preparar churrascos, mas como minha churrasqueira era mini em tamanho, com lenha não daria certo. Depois de passar em uns 3 supermercados, encontrei o danado do carvão. Neste dia, o termômetro do trailer se aproximou de 0⁰C, mas tive que encarar a churrasqueira do lado de fora. E foi um desafio acender o fogo naquele frio. Parece que até o fogo estava com preguiça de aparecer! No fim, tudo deu certo… a Gabi e as crianças ficaram dentro do trailer e eu congelando do lado externo, assando a carne. E modéstia a parte, ficou muito bom! A carne argentina é tão boa que nem precisa ser especialista para que o churrasco fique excelente! E com isso, duas garrafas de vinho se foram…
Entrada da Reserva Natural Villavicencio
Caminhão de expedição
Vista do Primeiro Mirante - Ruta 52
Vista do Primeiro Mirante - Ruta 52
Gran Hotel Villavicencio
Gran Hotel Villavicencio
Churrasco a 0ºC!
Termômetro… pra não me deixar mentir
Roteiro do 15º dia
16º dia (12/07/2018) – Preparando as coisas para iniciar o retorno
Começamos a preparar as coisas para iniciarmos a viagem de retorno. Eram muitas as coisas para organizar, tanto dentro quanto fora do trailer. Como tinha garoado alguns dias enquanto estávamos acampados, tive que limpar muitas coisas na parte externa antes de guardá-las, como o carpete, cadeiras e mangueiras. Almoçamos por ali no trailer mesmo e no meio da tarde saímos para passear no Parque General San Martin. O parque é muito amplo e vale a pena conhecer. Muito bonito. Como o sol havia aparecido naquele dia, depois de vários dias nublados, muita gente da cidade estava passeando por lá. As pessoas levam suas cadeiras, mesas, se reúnem por lá, fazem pic-nic, brincam de bola. Achei interessante, pois utilizam bem o parque.
Do parque fomos caminhar no centro da cidade, em busca de lembrancinhas para presentear familiares e amigos. Sentamos numa pizzaria na Peatonal Sarmiento para comermos uma pizza. Dali, por volta de 21h retornamos ao camping e nos dedicamos a terminar de arrumar as coisas, porque sairíamos cedo no próximo dia.
Rua interna do Parque San Martin
Continua em breve…
Demais! Um relato perfeito e com fotos Maravilhosas! Fora que o relato é uma verdadeira aula de história e geografia, e como se fosse ainda pouco, uma jóia de narrativa; meus parabéns, e muito obrigado por compartilhar tanta coisa linda com a gente!
Abração Rodrigão! (Rimou!)
Dardo.
Fantástico!!
Faço das palavras do Dardos minhas, relato e fotos de cair o queixo.
Abração!
Família M&Ms
Chegando atrasado aqui, Centralina é onde minha viagem sempre atrasa, pois sempre aproveitamos para comprar as farofas.
Para os pedágios eu coloquei um tag que não me cobra mensalidade, só cobra a recarga, mesmo que eu faça uma a cada 2 anos, assim não tenho que ficar procurando as moedas . Ótimo para mim que só viajo umas 4 vezes no ano. Chama move mais, não ganho um centavo indicando, mas gostei tanto que indico.
Estou lendo aqui o relato, não sei como conseguiu render tantos km por dia com crianças
Pelo relato essa viagem do Rodrigo realmente foi incrível!