Primeira Viagem do Chiocciolino - Mendoza/ARG

Em uma espécie de “plágio” ao meu amigo Dardo, começo aqui o relato da primeira viagem que fizemos com o Chiocciolino à Mendoza, na Argentina, numa viagem de 30 dias em julho de 2018. Não poderia deixar de registrar em primeiro lugar que as dicas e apoio do amigo Dardo no planejamento e decurso da viagem foram primorosas! A riqueza de detalhes que se encontra no post “Primeira viagem do novo Guanaquito” pode ser tomada como referência para qualquer um que deseja se aventurar por aquelas paragens! Por este motivo, o nosso muito obrigado ao Dardo e Neiva pelos relatos e pelas belíssimas fotos que nos inspiraram a seguir em frente e não desistir de chegar lá!

Agora se faz necessário explicar o por quê de nosso trailer ter sido apelidado Chiocciolino… Parece uma tradição entre os trailistas apelidar suas casas rodantes com apelidos carinhosos ou que representam algo em sua vida. No meu caso, por ser filho de pai e mãe italianos, resolvi apelidá-lo de Chiocciolino, derivado de chiocciola, que significa caracol em italiano. Caracol porque é um dos animais que carrega a casa sobre as costas. Chiocciolino não existe na língua italiana… foi uma forma de tornar o nome mais original. Para ajudar na pronúncia, leia-se “kiotiolino”! :sunglasses:

Viagens sempre me inspiraram, desde moleque. Talvez por ter viajado pouco quando pequeno, e raríssimas vezes com meu pai, 55 anos mais velho e que não era muito adepto a sair de casa, sempre muito preocupado em não faltar nada na criação de seus 9 filhos. Quando bati asas e segui com as minhas próprias pernas, comecei a viajar mais e aos 26 resolvi ousar um pouco e fazer uma daquelas que podemos classificar como uma grande aventura: um giro sozinho pelo Cone Sul num Gol 1000 16V. Isso ocorreu em 2004, num percurso de 12.500km em 30 dias (Clique aqui para ver fotos desta viagem). Tomei gosto pela coisa e percebi que essa vida errante seria um dos meus nortes.

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Estrada entre Susques-ARG e San Pedro de Atacama-CHI… era de rípio na época!

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Divisa Argentina-Chile - Deserto do Atacama

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Antofagasta/Chile

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San Carlos de Bariloche/Argentina

A ideia de adquirir uma casa rodante, mais propriamente um motorhome, começou a partir desta viagem, após me deparar com um daqueles off-road europeus tipo Paris-Dakar que estava ancorado no Camping Paudimar em Foz do Iguaçu-PR. Achei fantástica a possibilidade de carregar a própria casa nas costas. Na família, não temos tradições campistas, seja com barracas, seja com trailers ou motorhomes. Isso não é empecilho, mas torna as coisas um pouco mais complicada, pois começam a te tachar de maluco! :grin:

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Motorhomes off-road europeus que estavam no camping de Foz do Iguaçu-PR

Em 2008, após meu casamento em junho, decidimos passar a lua-de-mel em Mendoza, mas não da forma convencional. Resolvemos ir de carro. Dessa vez, o VW Gol tinha sofrido um upgrade… agora era um motor 1.6! :grin: Esse percurso foi de 10.500km, também em 30 dias. Apesar de o alvo ser Mendoza, alcançamos ainda Santiago no Chile, passando pelos Caracoles em pleno inverno da Cordilheira. Minha esposa tomou gosto pelas longas viagens também e começamos a aventar a possibilidade de, a longo prazo, adquirirmos um motorhome (MH).


Paso Los Libertadores - Divisa Argentina/Chile


Vinícola Cousiño Macul - Chile


Estrada para Farellones - Santiago/Chile


Colônia do Sacramento - Uruguai

Essa ideia começou a tomar força e em 2010 resolvemos alugar um na Europa para sentir o clima de utilizar este tipo de equipamento em viagens. Na verdade, o objetivo dessa viagem era proporcionar o retorno de minha mãe à Itália, depois de 60 anos sem sair do Brasil. Ela deixou a Itália com os pais aos 17 anos, depois dos horrores da Segunda Guerra. Apesar de ter tido oportunidade de retornar à terra natal, nunca se empenhou em fazê-lo, talvez em razão de meu pai não se animar tanto.

O aluguel desse MH seria uma espécie de laboratório para nós, antes de investirmos em algo assim! E como era de se esperar, nos apaixonamos pelo estilo e reforçamos a ideia de adquirir um. Fizemos um giro de 6.000km por 6 países da Europa, aportando em diversos campings com estrutura invejável. São, sem sombra de dúvida, os maiores entusiastas do campismo no mundo. Esse roteiro também tomou 30 dias.


Alugando o MH em Milão - Camper a Milano


Camping em Luzern/Suiça


Camping em Courteay, perto de Paris/França


Camping na Alemanha


Camping em Viena/Austria


Palácio da Imperatriz Sissi - Viena/Austria

Desde esta viagem, decidimos poupar para investir um equipamento deste. Sabíamos que teríamos que ter paciência e disciplina para conseguir, haja vista que é um investimento considerável para nossa realidade financeira. Em 2012 chegamos a viajar para o Rio Grande do Sul para conhecer algumas fábricas e definir nosso objetivo. Conhecemos, dentre outras, a fábrica da Santo Inácio Motorhomes em Gramado-RS e nos admiramos com a qualidade dos veículos fabricados pela empresa. Não cogitávamos a compra de um trailer, uma porque não se falava muito em trailers depois da quebradeira geral das fábricas deste tipo de veículo em razão da exigência do Código de Trânsito Brasileiro em possuir CNH categoria E para condução deles e outra porque não tínhamos conhecido ninguém que possuísse um rodando. A ideia do trailer nunca esteve na nossa cabeça.

Em razão do alto valor dos MHs, nosso planejamento para adquirir um começou a se dilatar muito. Porém, em julho de 2016 assistimos a uma reportagem sobre o relançamento dos trailers Turiscar, ícone das décadas de 70/80 até para os leigos no assunto. Começamos a pesquisar sobre o veículo e nos engraçamos por ele, após analisarmos os prós e os contras entre MHs e trailers. Descobrimos que passaram a ser fabricados pela Santo Inácio, fábrica que já conhecíamos e isso nos despertou ainda mais o interesse neles. Como vantagens, além do valor de investimento muito mais em conta que um MH, os usuários de trailers contam com o veículo rebocador para os passeios ao redor do camping. Como desvantagem, o deslocamento rebocando um trailer é muito mais trabalhoso que com um MH.

Em setembro de 2016, fechamos negócio com a Turiscar (mesma fábrica Santo Inácio) para aquisição de um modelo 6.5, que ficaria pronto em junho de 2017. Apesar de ser necessário entrar numa fila de espera para botar a mão em um, esse longo prazo foi acordado com a empresa em razão das nossas possibilidades financeiras.

Abaixo o passo-a-passo da construção do trailer na Turiscar, de março a junho de 2017:

Como combinado com a empresa, buscamos o trailer em julho de 2017, após uma espera ansiosa!
Ansiosos por ser nosso primeiro veículo deste tipo! Ansiosos por entrar para um clube de pessoas que buscam liberdade e contato pleno com a natureza! Um verdadeiro estilo de vida!

Nossa estreia com o Chiocciolino ocorreu nesse retorno para Goiânia, onde moramos. Mas não considero esta viagem de volta como a primeira. Para nós, a viagem para Mendoza foi a primeira, em razão de todo o processo preparatório que envolveu, incluindo aqui as dicas preciosas do Dardo! Infelizmente, dependemos dos nossos períodos de férias para viajar com o trailer e por isso ele ficou praticamente parado de agosto de 2017 a junho de 2018. Um crime, mas… é a realidade!


Primeiro acoplamento, em frente a Turiscar em Gramado-RS


Primeiro dia no camping, em Gramado, para testar os equipamentos


Parada no camping da Lagoa da Conceição em Florianópolis-SC, levando o trailer pra casa


Posto Graal em Uberaba-MG… quase lá!


Na porta de casa pela primeira vez

Bem… depois de um breve histórico que descreve como tudo começou, vamos aos fatos!:grin: A preparação da viagem tomou alguns meses, afinal é muita responsabilidade rebocar uma jamanta dessas para um outro país, por tantos quilômetros, com os dois filhos pequenos no carro e num período de inverno. Não classifico isto como loucura, como muitos dizem, pois tinha feito esta viagem por duas outras vezes, mas considero uma aventura que precisa ser feita com responsabilidade, pois a vida de outras pessoas estavam sob minha tutela. Por isso, me dediquei nos meses que antecederam a viagem a pensar em todos os detalhes que pudessem me colocar em check e pudessem dar um revés, estragando nosso passeio. Colocarei aqui alguns detalhes desta preparação que foi realizada, mas sugiro aqueles que desejam fazer o mesmo no inverno, que estudem bem as dicas do amigo Dardo em seu post, pois elas fazem toda a diferença quando se trata de acampar com trailer no frio. Não terei a capacidade de passar aqui tantas informações detalhadas como ele.

A primeira coisa que pensamos foi qual roteiro faríamos. Depois de várias possibilidades estudadas e pela necessidade de passarmos em Gramado-RS na ida ou na volta para revisão do trailer, que no mês da viagem completaria 1 ano, optamos pelo seguinte roteiro:

Optamos por passar em Gramado para a revisão na viagem de volta, pois assim aproveitaríamos para colocar no lugar alguma coisa que viesse a se danificar durante a viagem. Definido o roteiro, nossa preocupação passou a ser como lidar com o frio de Mendoza e qual o comportamento do trailer frente a este frio que estaria por vir. A primeira e fundamental dica passada pelo Dardo: cuidado com o sistema elétrico argentino. Apesar de ter voltagem 220 como parte do Brasil (incluído Goiânia), a frequência da energia é de 50Hz, diferente do Brasil que é de 60Hz… isso prejudica equipamentos como microondas e principalmente o ar condicionado, que no caso do novo Turiscar é um inverter quente/frio. Isso já era um fato para se preocupar, pois não poder usar o aquecedor no frio de Mendoza já começava a deixar as coisas mais difíceis. Por isso, essa dica foi fundamental. O Dardo recomendou que comprássemos um aquecedor de ventilação forçada assim que entrássemos na Argentina. Desse modo, o equipamento estaria na frequência correta e assim não precisaríamos utilizar o ar condicionado do trailer (uma pena, mas é o que poderia ser feito).


Esse é o aquecedor de ventilação forçada que adquirimos na Argentina… falaremos dele um pouco mais a frente, pois mereceu destaque na viagem

O ar condicionado poderia ser utilizado com o gerador do trailer, uma outra opção. O problema era o inconveniente barulho produzido, o que poderia incomodar outros campistas acampados e nós mesmos, durante a noite, por exemplo. Com base nisso, comecei a pesquisar por caixas atenuadoras de ruído para geradores. Os gringos são mestres nisso. Encontrei uma ideia legal, desenvolvi o projeto e comecei a construção de uma caixa dessas. O resultado obtido segue nas fotos abaixo:


Os orifícios superiores são para entrada e saída forçada de ar, por meio de coolers. O orifício inferior é para exaustão dos gases do escapamento do gerador


As paredes foram revestidas com lã de rocha, para isolamento acústico


Atenuador depois de pronto. Redução excelente do ruído.

A ideia do atenuador foi em razão de ter mais uma opção para o caso de problemas com a energia argentina. A caixa ficou um trambolho, confesso! Mas como teria espaço de sobra no carro para carregar, não exitei em construí-la. Se querem saber se utilizei a caixa algum dia, a resposta é não! :grin::sunglasses: Mas o intuito era esse mesmo. Ter alguma coisa que pudesse me acudir no caso de necessidade. Bom que não precisei!

Continuarei em breve, relatando a viagem em si! Por enquanto foi só blá-blá-blá! :grin:

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Caçarola! Lá vem um relato daqueles! Firme e forte para degustar um relato tão bom quanto um excelente Malbec!
E Rodrigao, não fiz nem a metade do que você teria feito por mim; grande abraço, e esperando ansiosamente pela continuação, recheado de fotografias, se me permitir o atrevimento.

Dardo.

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Dardo, que bom que estás gostando! Vou tentar dar sequência em breve, recheando o relato com muitas fotos!

Abraços

Rodrigo

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9 meses esperando a “criança”, imagino a ansiedade.
" parado de agosto de 2016 a junho de 2017" acho que seria de 2017 2018 pelo informado da data que pegou o trailer.
Se não se importar, pode me dizer como foi a parte do pagamento? Tenho vontade de comprar um mas, antigamente quando olhei, o financiamento era muito difícil e as lojas só parcelavam em 4x no máximo. Como está isso hoje em dia?
“Apesar de ter voltagem 220 como parte do Brasil (incluído Goiânia), a frequência da energia é de 50Hz, diferente do Brasil que é de 60Hz**”**
dá uma pesquisada sobre filtro capacitivo, ele corrige a frequência, fazendo ficar nos 60Hz independente da variação externa. Um para a empresa (300 A em 220) ficou em menos de 4 mil. Para um trailer acho que não passaria de mil. Se viaja muito para a Argentina, pode valer a pena.

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Que legal, Rodrigo! Obrigado por compartilhar a viagem com a gente.

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Olá Leandro!
Vc tem razão… ficou parado de agosto de 2017 a junho de 2018! Já corrigi isto! É que o tempo voa! :rofl: :rofl: :rofl:
Em relação ao pagamento do trailer, como eu já vinha realizando uma poupança pra isso, combinei com a fábrica de pagar mensalmente a partir de setembro de 2016 até julho de 2017, quando peguei o trailer. Eles iniciaram a construção somente em março de 2017 e finalizaram em junho. Quando fui buscá-lo, o saldo devedor já estava praticamente zerado. Na época, não pesquisei por financiamento, por isso não sei opinar sobre.
Essa dica aí sobre o filtro capacitivo é sensacional! Se for possível para o trailer, acho que resolveria o problema da diferença de sistema elétrico da entre Argentina e Brasil. Acho que o @Dardo vai gostar desta ideia também!
Obrigado!

Abraços

Rodrigo

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Olá Gustavo!
Eu que agradeço por nos acompanhar. Em breve vou dar sequência nos relatos e incluir fotos.

Abraços

Rodrigo

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Cara! Um relato digno do premio “Guanaquito”. :tada:
obrigado por compartilhar essa viagem com a gente, e estamos ansiosos pela continuação.

Grande abraço!

Família M&Ms

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Olá Marcelo M&M! :joy:
Quem dera meus relatos tivessem 10% da qualidade dos relatos do @Dardo! Estou longe… quem sabe um dia chego lá! Obrigado a você por acompanhar!

Abraços

Rodrigo

Bem, agora sim… vamos começar a viagem!

1º dia – Goiânia/GO a Centralina/MG – 240km

Confesso que a preocupação em não deixar faltar nada no trailer ou no carro que supostamente pudesse me fazer falta durante a viagem me estressou um pouco nos dias/horas que a antecederam. Talvez pelo frio na barriga de colocar meus dois filhos e minha esposa nessa aventura meio louca (para alguns). Sou um tanto quanto perfeccionista. Isso não é uma qualidade! Mas não consigo ser diferente, já até tentei. Por outro lado, essa característica acaba não me permitindo muitas surpresas desagradáveis, uma vantagem.

Em razão dessas tantas coisas por arrumar, acabamos não saindo bem cedo como gostaríamos, mas optamos por sair, nem que fosse para rodar uns poucos quilômetros, senão a viagem não engrenaria. Era dia 27 de junho. Saímos então por volta das 15h, às vésperas de um jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo. Será que perdemos algo? Acho que não, apesar do canarinho ter ganhado por 2 a 0 da Suécia! :rofl:


Apontado para começar a aventura!

Os primeiros quilômetros foram interessantes para nos readaptarmos ao reboque do trailer, pois já faziam meses que não o tirávamos da garagem. Na minha opinião, uma das desvantagens dos trailers em relação aos MH, como citei anteriormente, é o deslocamento/ reboque, pois é uma verdadeira jamanta. Meu carro, um Kia Carnival, tem aproximadamente 5,20m (dimensões próximas de uma caminhonete, talvez mais largo que muitas, pois tem 2 metros de largura). Acoplado ao trailer, o conjunto passou a ter 13,90m. O Código de Trânsito passou a permitir que condutores com CNH Cat. B possam rebocar conjuntos com até 6 toneladas de PBT, mas temos que convir que a destreza para guiar um conjunto desses não se assemelha a guiar um Fiat Uno! De modo algum condeno essa alteração da legislação, até porque isto voltou a impulsionar o campismo com trailers, que tinham sido abandonados como “rodas quadradas” em campings e garagens! Mas é fato que exige sim mais perícia na condução!

Programamos para pernoitar em algum posto próximo a Itumbiara-GO, em torno de 200 km de Goiânia. Alcançamos o posto do Décio em Araporã-MG, logo após a divisa entre Goiás e Minas Gerais. Lá abastecemos, confiantes que ali mesmo encostaríamos para passar a noite… mas nos pareceu que todos os caminhões da face da Terra estavam naquele posto! Estava tão lotado que foi difícil arrumar uma vaga legal. A frentista nos sugeriu seguir mais 15 km e encostar no posto do Décio de Centralina-MG, pois lá havia pátio mais livre, calmo e com energia disponível. Foi o que fizemos. No posto, nos cederam uma tomada e um bom local para estacionarmos.


Pernoite no Posto do Décio em Centralina-MG


Trajeto do 1º dia

2º dia – Centralina/MG a Ourinhos/SP – 580km

Optamos por dormir um pouco mais, pois o dia anterior havia sido bem cansativo com todos os preparativos, mas mesmo assim conseguimos recolher acampamento e sair por volta de 07:40h. Apesar do horário, a viagem rendeu neste dia. Digo apesar do horário porque gostamos sempre de sair muito cedo, entre 5:30 e 6:00h. Isso funciona muito bem conosco, pois colocamos as crianças ainda dormindo no carro e a viagem rende muito porque enquanto dormem não paramos tanto!

Chegamos no posto Graal em Ourinhos-SP por volta de 18h. A intenção era rodar mais um pouco, mas segundo informações dos paulistas no posto, os recursos de parada ali naquele noroeste do Paraná por onde passaríamos não era dos melhores (que me perdoem os paranaenses que leem este relato! :rofl:). Claro que ficamos receosos, pois estávamos com as crianças. Além disso, o Graal tinha um pátio muito bacana para estacionarmos, além de pontos de energia… a lua também nos convidou a parar e apreciá-la! :heart_eyes:


Ah Lua Cheia, sua bela!


Trajeto do 2º dia

3º dia – Ourinhos/SP a Foz do Iguaçu/PR – 740km

Neste dia saímos mais cedo, às 6:30h. Com as crianças dormindo ainda, a viagem engrenou. E a informação que o noroeste do Paraná tinha poucos postos que valessem a pena a parada era realmente verdadeira. De Ourinhos a Londrina, achar um posto bacana era um verdadeiro milagre. Em contrapartida, a paisagem do oeste paranaense é uma das mais belas que temos no Brasil. Vale a pena. São plantações de perder de vista. Lembra muito o sudoeste goiano, na região de Rio Verde. Imensas planícies com lavouras. Coisa linda de ver. Tudo tratado com muito capricho. Estradas muito bem conservadas, apesar da pista simples quase 100% do trecho. Também pudera! Com o valor de pedágio que os paranaenses cobram, bem que podiam ser foleadas a ouro! Foram os mais caros que passamos, sem sombra de dúvida, além de serem muito próximos um do outro. Chegamos a pagar 44 reais na passagem por Jataizinho-PR! Tão caros que começou a faltar dinheiro em espécie e num posto em Marialva-PR fui obrigado a desacoplar o trailer num posto às margens da rodovia para procurar um banco no centro da cidade para sacar algum dinheiro, pelo menos para conseguirmos chegar até Foz do Iguaçu. Isso não demorou e logo já estávamos novamente na estrada. Em Juranda-PR paramos para abastecer e descansar um pouco numa área de descanso bem arborizada no pátio do posto. Aproveitamos para almoçar no trailer mesmo. Tínhamos porções congeladas que nos quebravam um galho danado nestas paradas, pois não nos tomava muito tempo no preparo das refeições.


Parada para almoço num posto em Juranda-PR

Por volta de 19:30h apontamos na entrada de Foz do Iguaçu. Nossa intenção era pernoitarmos no Camping Paudimar (aquele que citei no início deste relato, quando da viagem para o Atacama em 2004). No entanto, apontei no GPS a coordenada de um outro camping, o Internacional. Para corrigir, quando apontei para o Camping Paudimar (25°35’56.2"S 54°31’26.2"W), o “querido” GPS me jogou numa estrada deserta, num milharal que dava medo! A “bendita” estrada escolhida pelo “querido” GPS era um calçamento e lembrava muito um queijo suíço. Esses 20 km tomaram 1 hora, além da tensão de passar por aquela estrada. Isso acabou consumindo muito minha energia, e neste dia estava realmente cansado. Para fechar a noite com chave de ouro, chovia e tive que montar acampamento debaixo dela. A cerveja degustada no final da noite serviu para passar a régua em todos os percalços! :grin:


Camping Paudimar - Foz do Iguaçu-PR


Trajeto do 3º dia

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Muito bom! Excelente relatos e fotos: para não, Rodrigo!!!

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Rodrigo!

Teu relato está está num patamar bem mais alto que só 10%, meus parabéns.:tada:
E como falo pro Dardo, estou ansioso pela continuação.

Abraço,

Família M&Ms

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Olá Rodrigo!
Sempre quando estou viajando e cruzo na estrada por outro veículo de recreação me vem uma curiosidade de saber de onde são, para onde vão… Não foi diferente quando cruzei por vocês quando desciam e eu subia a serra para Gramado em 20 de julho de 2018.
Muito legal poder acompanhar aqui a viagem de vocês neste belo relato!
Deixo abaixo uma foto do meu conjunto para saber se também nos viu na estrada.
Abraço!
Matheus Silveira.

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Matheus,

Ainda não tenho um trailer, nem um bom rebocador (meu carro é um pequeno Jimny).

O que você pode falar sobre a Xterra? Vale a pena? Como se saí em termos de consumo, manutenção e conforto?

Fica dividido entre Xterra 2004 ou 2005 e SW4 2006 ou 2007. A Xterra é uns 15 ou 20 mil mais em conta para aquisição…

Abraço e ótimas viagens!

João

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Olá Dardo!
Vou parar não! Pode deixar!

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Marcelo,
Bondade sua! Obrigado!
E vou seguindo!
Abraços

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Matheus!
Mas é claro que lembro de vocês quando descíamos a serra! Estávamos voltando de Gramado após a revisão do Chiocciolino! Já eram os últimos dias da viagem! Logo, logo contarei esta etapa no relato!
Obrigado por acompanhar!
Abraços,

Rodrigo

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Retomando…

4º dia - Livre em Foz do Iguaçu/PR

Depois do cansativo dia anterior, já estava programado passarmos um dia livre em Foz do iguaçu para levarmos as crianças nas Cataratas e no Parque das Aves. Nesse dia aproveitamos para descansar um pouco, e por isso acordamos mais tarde. O dia estava agradabilíssimo, céu azul e clima legal, apesar da chuva no dia anterior. O camping estava praticamente vazio naquele dia. Acampados estávamos nós e um casal suíço num Land Rover adaptado. Tomamos café da manhã oferecido pelo camping (que na verdade é um Hostel International), conversamos um pouco com os suíços e seguimos para as Cataratas.

O Parque das Cataratas é local que não se cansa de visitar. Beleza ímpar. Natureza exuberante. O parque composto por 275 quedas d’água é considerado Patrimônio da Humanidade. Para o Heitor, na verdade, a sensação mais emocionante seria a de andar no ônibus com teto panorâmico! :joy:. O caminho da portaria do parque até as cataratas é realizado por esses ônibus panorâmicos, num estilo Jurassic Park, e no decorrer do percurso é possível parar em pontos determinados para outros passeios (pagos à parte), como o Macuco Safari (passeio de bote motorizado até o pé das cataratas) e trilhas ecológicas. Com as crianças ainda pequenas, optamos por não nos aventurarmos tanto. Já dentro do parque existem inúmeros alertas para cuidado à presença dos quatis. Na minha sincera opinião, a quantidade de quatis em volta dos turistas deixou de ser atração e passou a ser problema. Os danados dos bichinhos avançam para tomar comida, principalmente na área de alimentação do parque. Particularmente acho que o número de quatis deveria ser controlado naquele local, não com eliminação dos bichinhos,é claro, mas transferindo-os para um local de mata distante dali. As pessoas não respeitam os avisos de não alimentá-los e existem acidentes em decorrência de ataque dos quatis, que não são tão carinhosos! Um atrevido quase me surrupiou um celular, após minha filha deixá-lo cair ao chão. Me custou uma tela nova, pois, para salvar o celular das mãos do ordinário, foi necessário que eu pisasse com a minha singela bota 44 sobre a mão do meliante que já estava no aparelho para conduzi-lo rumo à mata! :joy::joy:Uma sensação que aquele quati andou por Brasília! :joy::joy: Foi cômico!


Entrada do Parque Nacional do Iguaçu


Estrada no interior do Parque, no ônibus com teto panorâmico! :joy:


Começo da trilha. Vista das cataratas do lado argentino (dizem que a vista do lado argentino é mais bonita! Mas é em decorrência do lado brasileiro ser mais bonito! :joy:)


Em 2011, as Cataratas do Iguaçu foi uma das 28 finalistas no concurso das sete maravilhas naturais do mundo! Sem dúvida!


Foto do primo do meliante!


É realmente muita beleza reunida!

Ao sairmos do parque, o que não faltava eram pessoas oferecendo almoço em algum restaurante próximo dali, por R$ 20,00/pessoa até com transporte incluso! Caímos nesse conto do vigário. Entramos numa van (aquela Kia Besta - quem tem mais de 20 anos irá se recordar!:joy:) caindo aos pedaços. O percurso era de apenas 500 metros. O restaurante tinha o estilo de construção tipo tapera! Foi hilário, para não dizer péssimo! Na volta fomos ao Parque das Aves, que fica logo em frente a portaria do Parque das Cataratas. As crianças aproveitaram muito este passeio, pois o contato com os animais é bem direto. São imensos viveiros e as aves voam ao nosso redor. Como todo zoológico, não deixa de ser triste vê-las presas ali, mas também não deixa de ser interessante um contato tão próximo com os bichinhos. Os animais são muito bem cuidados e são provenientes, em sua maioria, de apreensões do Ibama em decorrência de tráfico e maus tratos.


Parque das Aves - Flamingos. Espelhos enganam os coitados e os fazem pensar que estão num bando imenso no meio do Deserto do Atacama!:joy:


Parque das Aves - Araras


Parque das Aves - (Tentando descobrir o nome desse indivíduo)


Idem anterior!

No final da tarde passamos em um supermercado e retornamos ao camping para descansar, nos preparando para entrarmos, enfim, na Argentina no dia subsequente.

5º dia - Foz do Iguaçu/PR a Corrientes/ARG - 598 km

Acordamos por volta das 8h para prepararmos a saída. Tomamos café da manhã e fizemos uma faxina geral no trailer e no carro. O camping possui “pinicão” para descarga de água negra. Não fica próximo aos boxes, mas é de fácil acesso. Saímos no meio da manhã. Como não tinha experiência em atravessar a fronteira rebocando o trailer, estacionei antes da aduana brasileira e fui questionar sobre os trâmites de imigração. Não é necessário fazer nada na aduana brasileira. Passa-se direto no sentido Brasil-Argentina. Na aduana argentina realizamos a imigração e inspecionaram o trailer. Tinha receio que questionassem sobre alimentos na geladeira, mas queriam mesmo é informações sobre o Chiocciolino. Não criaram caso com nada. Foi uma inspeção superficial. Ficaram, na verdade, maravilhados com a “casilla rodante”, como eles mesmos dizem.
Solicitaram a apresentação dos documentos do carro e do trailer e as Cartas Verdes.


Aduana argentina em Puerto Iguazú. Aguardando a inspeção.

Aqui cabe um comentário interessante aos que almejam aventura parecida: a Carta Verde é necessária sim, e separadas (uma para o rebocador e outra para o trailer). Acompanho comentários de trailistas em grupos de WhatsApp e sempre vejo muitos dizendo que basta a Carta Verde do rebocador. Estão enganados, acreditem e não paguem para ver! Contabilizei pelo menos 15 paradas em postos policiais argentinos, além de passarmos em mais de 30 que não nos pararam, mas onde estavam no meio da pista sempre dois policiais, de prontidão para parar qualquer veículo. Em todas as paradas nos pediram as duas Cartas Verdes, do rebocador e do trailer, além da CNH e documentos dos veículos. Já ficavam todos numa pastinha, bem à mão, porque a parada era certa. E aqui ainda gostaria de compartilhar que, a despeito de dezenas de relatos que já li na Internet sobre pedidos de propina pelos policiais argentinos, em nenhuma das 3 viagem que fiz pra lá de carro (2004, 2008 e 2018) cobraram algum tipo de propina. Voltando à minha autodescrição de perfeccionista, sempre fui muito atento e preocupado com os itens obrigatórios na Argentina, sempre tentando evitar ao máximo qualquer tipo de abordagem deste tipo. Apesar de nunca terem pedido propina, um único evento ocorreu: poucos quilômetros após Puerto Iguazú, num postinho de controle policial bem modesto, fomos parados por um suposto policial. Parecia mais um vigilante, com um uniforme azul claro e um boné. Nos abordou questionando para onde estávamos indo e perguntou se não podíamos contribuir com algum valor para que ele pudesse conhecer o Brasil, seu sonho! :joy::joy::joy::joy::sunglasses: Fiquei com “dó” do coitado e doei uns 50 pesos (menos de 5 reais) que estavam no console do carro. Mas ele não questionou nada do trailer e dos documentos. Apenas pediu uma doação. Foi o único evento deste tipo.

Em algumas das paradas pelos policiais, pediram para olhar dentro do trailer. Questionavam se haviam pessoas no interior, verificavam a documentação e nos deixavam seguir sem problemas. Notamos que as estradas mais próximas da fronteira com o Brasil, pelo menos até Santa Fé, eram melhor policiadas que as mais internas na Argentina. Isso deu para perceber claramente. Esses postos de controle são às vezes da Gendarmeria Argentina (Exército, soldados com uniforme verde), outras da Policia Caminera (policiais com uniforme azul). Todos sempre educados.


Parada em controle policial. Inspeção interna do trailer. Gendarmeria Argentina.

Chegamos no Camping Laguna Totora, em San Cosme, Província de Corrientes, por volta das 20h. Não havia ninguém acampado. Nessa época de inverno, os campings argentinos ficam praticamente abandonados pois a procura é muito pequena. É um camping municipal, cuidado pela prefeitura. Estavam celebrando uma festinha infantil no salão de festas. Nos arrumaram um local para encostar, com tomada disponível. O clima estava bem ameno. Conversei um bom tempo com o administrador do camping, Sr. Alfredo, que arranha bem o português e adora o Brasil. Consegui apontar a SKY e pudemos assistir um pouco de TV.


Acampado no Camping Laguna Totora em San Cosme, Província de Corrientes/ARG. Rio Paraná ao fundo.


Roteiro do 5º dia

Continuarei em breve…

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Rodrigo!

Que relato incrível, gostamos das dicas em Foz, já estou colocando no próximo roteiro de férias.

Grande abraço e continuamos acompanhando.

Família M&Ms

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Olá João,
Sobre a Xterra, estou com ela há pouco mais de 4 anos e estou bastante satisfeito. É um veículo confortável, bem básico. Câmbio e sistema de tração totalmente mecânicos, direção hidráulica, freios ABS e alguns outros confortos como vidros e travas elétricos e ar condicionado. A minha é ano 2004 com bomba injetora mecânica, fiz questão desta configuração por preferência minha.
O consumo dela no circuito misto que realizo no meu dia a dia é de 11 Km/L de Diesel S500. Já rebocando o Turiscar Rubi o consumo sobe para 8,5 Km/L.
Em relação a manutenção, acho bem tranquila e relativa ao desgaste natural das peças. O valor é bem de acordo com outros veículos deste segmento.

Sobre a SW4, acredito que em relação a Xterra ela tenha algumas vantagens como opção de câmbio automático, suspensão com molas espirais na traseira e um melhor isolamento acústico. Claro, estas são vantagens do meu ponto de vista, que para outros podem não ser.

Se tiver outras dúvidas que eu possa ajudar, estou a disposição.
Abraço!
Matheus Silveira.

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Buenas Rodrigo!
Agora que cheguei num Camping com wi-fi; um pouco lenta, verdade, porem muito melhor do que nada! :smile:
Gostando demais do relato, e ansioso pela continuação; grande abraço!

Dardo.

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