Que região linda essa. Não conhecia nada disso, nem fazia ideia que poderia ser tão consistentemente bonita. Obrigado por levar-nos juntos.
Ah, essa é realmente clássica por essas regiões de ruas antigas. Já perdi a conta de quantas vezes nos colocamos em situações que ou tivemos que fazer a volta, ou esmagamos contra a parede a mosquinha que estava pousada no espelho. E isso ocorre tanto com a autocaravana quanto com o carro.
Eu acho que em geral é tranquilo, apesar de pra ser honesto eu ainda não gostar muito da ideia mesmo com a Felícia. O que temos que cuidar um pouco é que algumas autocaravanas mais compactas, inclusive a Felícia, são tração dianteira. Isso é muito bom na estrada, mas ao mesmo tempo é relativamente fácil de colocá-la em uma situação complicada de falta de aderência se for muito íngreme e principalmente em terra.
Buenas Gustavo, e sim, foi um inicio de viagem maravilhoso; obrigado por acompanhar, e grande abraço!
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Amanheceu um dia lindo, tomamos café, e logo estávamos na estrada de novo!
On The Road Again: https://www.youtube.com/watch?v=dBN86y30Ufc
A visão da Sierra Nevada era espetacular, e acompanhou a gente por muitos quilômetros, inclusive entramos em parte dela, por uma estradinha linda, rodeada de pinheiros, que faziam desfrutar cada minuto que rodamos por ela!
Bem, nosso destino era Antequera, pois queríamos muito conhecer seus famosos dólmens, e no caminho, aproveitamos para passar por Granada e conhecer um pouco, pelo menos, desta famosa cidade.
Granada: https://www.youtube.com/watch?v=80od8TLZzDw
Pois bem, lá vamos nós, com o Torito a meia maquina, entrando em Granada, fomos indo, admirando a beleza da cidade, quando de repente…não sei como, fomos parar no centro da cidade, e em uma faixa que dizia “Somente Ônibus e táxis…” e nos vimos numa faixa exclusiva, mas não para carros, e muito menos, MH!
Rapidamente, olhei em volta, tratando de achar um desvio ou saída…e nada, cada vez entramos mais no centro, de lado de muitos ônibus…bem, coloquei minha melhor cara de “paisagem”, embora a situação era crítica, e continuamos em frente, pensando que seria multado até na quinta geração… e assim, devagar saímos do centro e das suas faixas exclusivas, pegamos a estrada para Antequera e fugimos de Granada sem sequer tirar uma foto… e bem, podem imaginar que isso para mim, não tirar fotos, é MUITA coisa!
De noite telefonei para o dono da empresa que nos alugou o MH, e contei a situação, explicando que provavelmente chegariam uma dúzia de multas, e que assim que as tivesse consigo, eu pagaria elas. Ele deu risadas, disse “No te hagas problemas hombre, no pasa nada”, e desligou, sem parar de rir… e não é que o “meliante” tinha razão? Nunca veio uma multa sequer; mas foi um chamado violento de atenção, pois deslumbrados pela beleza da cidade, tínhamos abaixado a guarda e perdido a consciência situacional, e daquele dia em diante, tivemos muito mais cuidado, e de fato, em 88 dias dirigindo em Europa, não tivemos nenhuma multa, embora reconheço que em Granada, eu merecia!
Chegamos na bela Antequera, e ficamos por lá para passar a Páscoa, para não precisar viajar nesses dias do feriadão, e foi uma decisão sábia, pois a visita na cidade e principalmente nos dólmens foi maravilhosa!
O interior da España ainda é muito dedicado às suas tradições católicas, em especial por pessoas de mais idade, e tivemos a imensa sorte de ver os desfiles e procissões da Semana Santa, e eu fui surpreendido pelo desfile da “La Legión Española”, o que me emocionou muito, pois meu avô materno, nascido na España, foi, quando jovem, legionário, antes de migrar ao Novo Mundo… foi um momento mágico, que lembrarei o resto da minha vida.
Estivemos dentro de uma Plaza de Toros, e foi muito interessante ver os locais das lidas com os touros, e que ainda continuam funcionando, uma verdadeira tradição da España, embora agora muito menos apresentado do que antigamente.
A visita aos dolmens foi fantástica, uma verdadeira lição de historia, e passamos um dia inteiro só nessa visita, incluindo assistindo uma apresentação audiovisual muito instrutiva…foi vislumbrar um passado de perto de 6.000 anos, uma virtual janela ao passado!
Caramba, creio que hoje escrevi demais, espero não cansar vocês; bem, os dias voaram literalmente, e logo estávamos aprontando o Torito para partir, já com saudades de Antequera, mas isso é assunto para o próximo capitulo… tudo mundo abordo, vamos embora?
Saímos cedo da inolvidável Antequera em direção da Sierra del Torcal, distante poucos km, para visitar este belo lugar que tem uma formação geológica muito especial, e mesmo com uma manhã nublada e fria, caminhamos um pouco pelo lugar tão interessante, pois El Torcal de Antequera é uma paragem natural única, declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, e sentimos muito que o tempo estava ruim, pois tem muito para ver nesse lugar incrível.
Assim, em pouco tempo estávamos na estrada de novo, pois queria passar pela Sierra de las Nieves; sempre que possível, viajávamos por caminhos menos transitados, mas que passavam por lugares que nos interessava, pois nos encanta conhecer e passear por cidades pequenas, o que para nós, tem muito encanto.
Conhecemos parte da Sierra de las Nieves, muito pitoresca, com bosques que tem uma certa semelhança com os da Patagônia, detalhe que comentamos com Neiva diversas vezes, e também paramos no caminho para admirar as ruinas de um antiquíssimo aqueduto romano, que mesmo com centenas de anos, ainda se encontra de pé, pelo menos em parte; foi muito legal conhecer isso!
Almoçamos no caminho em um pequeno e pitoresco restaurante em Yunquera, Málaga, porque era dia de folga da cozinheira e do seca pratos, e continuamos devagar, para chegar em nosso destino, uma parada antes de Gibraltar, nosso destino sonhado.
Sim, Gibraltar era um lugar que eu sonhava e idealizada da época que era adolescente, quando leia as historias da Segunda Guerra Mundial, e imaginava como seria aquele lugar que na minha imaginação, era povoado de submarinos alemães tentando romper o cerco que os navios de guerra aliados impunham, e as estratégias de um e outro lado para serem bem sucedidos, numa espécie de xadrez bélico que me fascinava e fazia voar minha imaginação; bem, mas isso é relato futuro!
Mais uma vez PARABÉNS dardo pela magnífica e bem distribuída narratória. As fotos ajudam muito a termos a real dimensão dos locais e da história. Tenho conseguido “viajar” junto. Abs
Ficamos em Castellar de la Frontera 2 dias para aproveitar conhecer o Castelo Fortaleza, distante 10 km do lugar do estacionamento dos MH; se trata de uma mini cidade com muralhas que a desenham como um castelo fortaleza, também herança da época das invasões mouras, e hoje ainda vive gente ali, incluso contando com um pequeno hotel dentro das suas muralhas.
Caminhamos pelas ruazinhas do castelo, e podemos ver com calma o lugar, imaginando como seria a vida naquela época quando o castelo estava em plena atividade, inclusive como fortaleza.
A pequena cidade de Castellar de la Frontera é de fato muito pitoresca, e conversamos com diferentes pessoas do lugar, sendo eles muito receptivos, e muito se maravilhavam de que éramos de tão longe; também respondemos muitas preguntas sobre Brasil e América do Sul em geral, especialmente sobre Campismo com Caravanas e Autocaravanas, o que é muito difundido na Europa, obviamente.
Esta parada também era estratégica para poder sair daqui cedo e chegar logo em Gibraltar, aproveitando bem o dia, mas isso é relato para amanhã.
Fotos:
Subindo para o castelo.
Avistando o castelo.
Deixamos o Torito do lado de outro MH.
Quase lá.
A muralha oeste.
Portada.
Entrada principal.
Vista do vale.
As ruelas do castelo-fortaleza 1.
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A praça da entrada.
Saída.
Informativo.
Quando estávamos visitando a Fortaleza, vejo lá de cima das muralhas que estavam chegando vários carros estranhos…vou investigar, e resultou ser um encontro de proprietários de veículos Citroën antigos, que tinham combinado de se encontrar naquele lugar.
Tirei algumas fotos, e pude conversar um pouco com alguns dos proprietários, o que foi muito interessante, disfrutando muito daquele momento; ao final, para quem gosta de máquinas que rodem, naveguem ou voem, era um prato cheio!
Bem, hoje é um dos dias sonhados por mim durante toda minha vida, e que era conhecer Gibraltar.
Deixamos Castellar de la Frontera cedinho, e logo estávamos na estrada, para percorrer os 22 km que nos separavam de Gibraltar, embora, em termos de concepção de distancias que temos no Brasil, quase que um pais continente, para percorrer essa distancia na Europa, se demora em geral bastante tempo, por causa das cidadezinhas e vilas muito próximas umas das outras, e também pelos lugares lindos que você passa, que fazem da travessia um passeio.
Eu sabia exatamente onde tinha que ir, e que era uma marina com lugar de estacionamento para RV´s além de barcos, e assim o fizemos; o estacionamento era pago, e tinha lugar onde descartar aguas grises e negras, além de abastecer agua limpa, e o pagamento era cobrado na saída na cancela automática a cada 24 horas.
Escolhi este lugar porque era muito próximo da fronteira de España com o Território Ultramarino Britânico de Gibraltar, a não mais de 800 metros, o que era muito conveniente, e lá usaríamos o transporte público de passageiros, já que estávamos a pé, e embora é possível percorrer o lugar a pé, consideramos que era muito longe para percorrer tudo em um dia somente. (Ainda bem que fomos a pé, pois as ruas são muito estreitas, e os motoristas dos ônibus tem complexo de formula1!)
Então, passamos rapidamente a fronteira, onde nem pediram os nossos passaportes, e só pararam para ver de onde éramos porque perguntamos se tínhamos que fazer a entrada legal no território, ao que o agente da alfandega resmungou alguma coisa como “No problem, pasen…” e ai tivemos nossa primeira bem-vinda ao Llanito", que é localmente falado pelos nativos, uma espécie de dialeto baseado no inglês e espanhol, além de outros termos em meia dúzia de línguas do Mediterrâneo; claro que o idioma oficial é o inglês, e também se fala o espanhol…foi muito interessante e divertido, como viria a ver mais tarde.
Muito bem, começo falando em inglês com um policial a quem pergunto como comprar os passes do ônibus para percorrer todo o território (menos de 7 quilômetros quadrados), continuamos falando em espanhol e terminamos nos cumprimentando em inglês de novo; detalhe, o inglês falado pelo “Bobi” (nome dados aos policias aqui) e o seu espanhol, eram simplesmente perfeitos!
Compramos um passe, por indicação do policial, que nos permitia por 24 horas pegar qualquer ônibus de Gibraltar, o que vale muito a pena, e foi interessante de ver que, mesmo sendo um território britânico, tem autonomia própria, e a circulação do transito é pela direita, como no Brasil.
Pegamos um ônibus para ir ao Europa Point, para conhecer o farol histórico, e quando estávamos chegando no ponto final, uma criança bem arteira que estava com sua mãe no bus, se soltou antes de que o veiculo parasse totalmente, o que lhe valeu uma dura reprimenda da mãe em espanhol e inglês juntos! Surreal, eu e Neiva nos olhamos e começamos a rir, foi muito engraçado!
Bem, chegamos no Europe Point, do lado de onde estavam construindo um estádio de futebol, perto de uma enorme mesquita, e vimos ao vivo o famoso farol da ponta de Gibraltar, o Europa Point.
E pensar que a poucos metros dali, naquelas aguas profundas do Mediterrâneo, tantas e tantas batalhas tinham se deflagrado, que tantos submarinos alemães e do Eixo tinham se digladiado em batalhas de “gatos e ratos” com os navios de guerra dos Aliados, peças vivas de um xadrez bélico que custou a vida de tanta gente, tingindo de vermelho as azuis aguas do Mediterrâneo…
Sinceramente, fiquei emocionado de ter chego até lá, e um sonho estava realizado, em grande parte graças ao Campismo, que no final das contas, tinha me levado até lá.
Após algumas horas de curtição e fotos, voltamos para o centro, onde passeamos e almoçamos; o almoço foi bem interessante, pois eu estava olhando o cardápio em uma espécie de bar/pub/restaurante, e ela me diz “Vamos pedir um café da manha inglês”? Ao ver minha cara de interrogação, ela, que tem viajado bem mais do que eu para a terra do “Bardo do Avon”, pede o tal de “Full English breakfast”, e qual a minha surpresa ao ver servido um verdadeiro almoço que foi maravilhoso e muito abundante, e como bônus Plus, não era caro!
Já que tinha poupado com o desjejum/almoço, Neiva aproveitou para comprar uma bela lembrança de Gibraltar, e mais tarde, pegamos outro bus para conhecer o outro lado de Gibraltar, o lado leste.
Em Gibraltar tem muitíssimo para se ver e conhecer, e uma dessas coisas é pegar um bondinho para ir até a parte mais alta do rochedo, com vista para todos os pontos ao redor, e também tem passeios para algumas das dúzias de cavernas do território, muito usado nas guerras através dos séculos.
Voltamos ao Torito exaustos, porem muito felizes de tanta coisa que tínhamos visto, e prometemos voltar algum dia, se Deus permitir.
Farol de Gibraltar:
O farol de Gibraltar é o único farol de Inglaterra que se encontra localizado fora do Reino Unido.
Este farol localiza-se em Gibraltar, para precisamente na Ponta da Europa. O farol está atualmente ainda ativo e nas noites escura é visível a uma distância de cerca de 30 milhas.
Foi o primeiro a ser conhecido como a luz que iluminava os marinheiros, e os navegadores que chegavam até á Ponta da Europa. Havia uma forte ligação entre o farol e o famoso santuário de Nossa Senhora da Europa.
Este local santo recebia sempre oferendas para homenagear a Virgem Maria, especialmente por parte dos marinheiros, e dos comandantes das galeões que tinham por hábito levar pequenas lamparinas de petróleo. O Príncipe João Doria, filho de marinheiro genovês famoso, Andrea Doria apresentou uma dessas lâmpadas de prata em 1568 como um agradecimento para a captura de cinco galeões turcos no Estreito de Gibraltar.
Não foi possível encontrar qualquer registro de um farol naquela zona antes do farol atual ter sido construído.
A cerimónia do lançamento da primeira pedra foi conduzido pelo governador Woodford em 26 abril do ano de 1838. Este registo existe, pois foi encontrado um relatório que continha informações sobre esta cerimónia em Gibraltar, tratava-se da Crónica do 28 de Abril de 1838.
(Extraído de “https://gibraltar.costasur.com/”)
Percurso de Castellar de la Frontera a La Linea de la Concepción:
Continuando com o relato…
Deixando Gibraltar muito cedo, com a promessa de que voltaremos um dia se Deus permitir, aproamos Jerez de la Frontera, em direção a Portugal.
Passamos rápido pela linda Jerez, lugar onde antigamente tinha uma etapa do Mundial de Formula Um no Grande Premio da Espanha, e continuamos em direção a Sevilla, uma cidade muito bonita e grande, e pouco mais na frente, curvamos para esquerda em direção a Huelva, e de lá, a Lepe, bem pertinho da fronteira, onde aproveitamos o melhor preço do combustível para encher o tanque, fizemos compras e pernoitamos, para no dia seguinte ingressar em Portugal.
Saímos de Lepe na manhã seguinte, e em pouco tempo estávamos com a “Terrinha 'a vista”, ora pois!
Atravessamos a ponte sobre o Rio Guadiana, e pronto, estávamos em Portugal, Gaio!
Paramos em uma Oficina de Turismo que tem logo após a ponte, para fazer a entrada em Portugal; a menina que nos atendeu, olhou para nós, olhou para os passaportes que exibíamos, olhou de novo para nós, coçou a cabeça e nos disse, com forte sotaque do Algarve…“ora pois, não estou a entender…vocês querem fazer o quê mesmo?”
“Queremos ingressar a Portugal”, dizemos em um coral não premeditado, e a moça, com seu melhor sorriso ante estes desavisados estrangeiros, diz …“Mas vocês já estão em Portugal”…e foi lá que lembramos que dentro dos países da Comunidade Europeia, você não precisa carimbar passaporte, como aqui na América do Sul…que beleza, não precisamos mais perder tempo em nenhuma fronteira da Comunidade!
Agradecemos a moça, que não entendeu muito o que acontecia com estes cidadãos de Além-mar, e fomos logo a visitar um castelo muito próximo dali, em Castro-Marin, por indicação dela, a tal moça da Secretaria de Turismo.
E assim o fizemos, e aproveitamos para almoçar na frente do castelo; depois, continuamos em direção a Lisboa inicialmente parando para pernoite num povoadinho chamado Pereiro, e assim chegamos no “Parque de Merendas e Auto caravanismo do Pereiro”, uma simpática vila que era bem menor do que seu nome…
De manhã cedinho tomamos um belo café da manhã acompanhado de um pão caseiro que tínhamos comprado na tarde anterior na vendinha da vila, quando da nossa chegada em Pereiro, e logo estávamos na estrada outra vez, deixando Algarve para trás e ingressando no Alentejo.
Passamos por Mértola, uma bela cidade com um castelo imponente, e pouco mais na frente, chegamos nos primeiros bosques (ou montados) de sobreiros, de onde se extrai a cortiça, usada em artigos nobres como por exemplo entre outros, as rolhas das garrafas de vinho…ao ver aquelas maravilhas da natureza, imaginei quantas garrafas de Malbec iriam um dia tampar estas cortiças…fiquei tonto só de imaginar!
Paramos para almoçar perto de Ferreira do Alentejo, e em pouco tempo estávamos chegando na Barragem de Pego do Altar, nosso local de pernoite; caminhamos um pouco na região da barragem, tiramos algumas fotos, banho, janta, e fomos dormir, para sair cedo.
Assim foi feito, e logo de manhã, estávamos na estrada para a região de Setúbal, chegando em Corroios, perto de Lisboa, onde seria a nossa base enquanto visitássemos a capital de Portugal, mas isso é motivo para o relato de amanhã.
Nós passamos por dentro de Mértola na nossa viagem do ano passado, mas estava 42⁰C na rua… nós colocamos o pé para fora da autocaravana e imediatamente entramos novamente. Vimos da janela.
Chegamos em Corroios antes do meio-dia; estacionamos, almoçamos e saímos rápido para a estação do trem, a dois quarteirões do estacionamento de MH.
Eu tinha feito minha logística para nas grandes cidades, como no caso de Lisboa, por exemplo, ficar em algum estacionamento autorizado para MH, e dali, pegar um trem ou bus para ir no centro da cidade, e ali começar o passeio; também optamos por pegar sempre que possível nas grandes urbes, aqueles ônibus turísticos, que embora um pouco caro, vale muito a pena, pois você pode passear neles durante o dia inteiro, subindo e descendo quantas vezes desejar, e além disso, esses ônibus turísticos, vão em quase todos os lugares que vale a pena conhecer nestas grandes cidades.
Dito e feito, foi assim que passeamos durante três dias na bela e antiga Lisboa, aproveitando para experimentar a rica e muito variada culinária dos patrícios, especialmente o bacalhau…à portuguesa, ora pois!
Não vou entrar em detalhes sobre todos os lugares que visitamos, que foram muitos, pois este relato não é para ser um guia turístico, já que jamais tive o atrevimento de que seja algo assim, pois é somente um simples relato de uma viagem de Motor Home, embora uma das coisas que destaco e que mais gostei, foi conhecer o Mosteiro dos Jerônimos na região de Belém, lugar de grande importância histórica, e conhecer lá o tumulo do grande Alexandre Herculano, uma das pessoas mais proeminentes, para mim, da cultura de Portugal, e um dos meus escritores preferidos na língua portuguesa.
Após os belos dias vividos na inesquecível Lisboa, estava na hora de continuar caminho, e assim, saímos cedo de Corroios-Lisboa, deixando Setúbal e ingressando em Santarém, chegando em Leiria, mais precisamente em Porto de Mós.
Porto de Mós é uma bela cidadezinha, com uma ótima área de estacionamento para MH muito legal, e depois de estacionar o Torito, fomos passear e conhecer um pouco a vila, e aproveitamos de passar na padaria para provisões.
A escolha de Porto de Mós era, também, pela proximidade de Fatima, lugar que queríamos visitar, e assim o fizemos, mas isto é motivo do próximo relato; grande abraço!
Acordamos de madrugada, e já que tínhamos acordado, tomamos café e saímos cedo, inicialmente com rumo de Fatima, para conhecer um pouco deste importante destino religioso da fé Católica.
A visita foi rápida, porque era muito cedo e diversos lugares estavam fechados, e logo estávamos na estrada de novo.
No caminho que nos levava para o destino daquele dia, passamos por uma vilinha com um nome que nos fez rir muito: Penacova, que para nós parecia “Pé na Cova”… sugestivo…um tanto quanto preocupante ficar em esta cidadezinha…melhor passar logo!
Paramos no caminho para comprar cerejas e outras frutas, que por vezes víamos na beira da estrada, e tivemos breves, porem produtivas conversas com o pessoal do lugar, o que foi muito enriquecedor para nossa cultura, e todo dia aprendíamos algo interessante sobre a vida das comunidades por onde passávamos e tínhamos a oportunidade de interagir com o povo da região.
Passamos também por Viseu, e achamos essa região muito bonita, mas o melhor estava por vir: Peso da Régua, região de vinhedos e turística do Rio Douro, nosso destino, na região de Vila Real, e que é, além do Turismo, como anteriormente coloquei, lugar de vinhedos a perder de vista…quanto suco de uva a ser degustado!
O lugar foi definido por Neiva e por mim, como a mais linda paisagem que vimos em Portugal, e os dias que dedicamos a ficar neste lugar, foram poucos para tanta beleza; até o local para pernoite de Autocaravanas é muito lindo, do lado das pontes sobre o Rio Douro, e perto do cais onde chegavam e saiam os cruzeiros de turistas que subiam e desciam pelo Rio Douro, de Peso da Régua para Porto.
Nos dias que passamos em Peso da Régua, ficamos cativados pela beleza do lugar, e se Deus permite voltar um dia para Europa, sem duvida nenhuma que Peso da Régua será um dos primeiros a ser visitado novamente.
Buenas; continuando com o relato, tinha esquecido de colocar algumas indicações de Peso da Régua:
Após os belos dias curtidos em Peso da Régua, deixamos esta beleza no retrovisor, e colocamos proa de Braga, mais especificamente, O Santuário de Bom Jesus do Monte, que pertence mesmo a cidade de Braga, e posso garantir que o lugar é belíssimo!
O duro é subir as escadas para chegar no topo onde está a catedral (573 degraus!), embora para os mais preguiçosos, existe um bondinho que poupa trabalho, e por 2 Euros, vai e volta.
Braga, também conhecida como a Roma Portuguesa, é uma cidade grande e moderna (a terceira maior cidade de Portugal), embora conserva uma historia muito rica (é uma das cidades mais antigas de Portugal), e a parte do centro histórico é muito bela, convivendo o antigo e o moderno de uma maneira muito harmoniosa, e a culinária da cidade, em especial o bacalhau, é para apreciar de joelhos, agradecendo ao Pai Eterno por criar algo tão maravilhoso!
Almoçamos em um restaurante perto do centro um bacalhau acompanhado por um vinho verde, e foi maravilhoso; o difícil foi depois sair a caminhar para abaixar a comida, mas conseguimos sobreviver…que vida dura!
Continuando com o relato:
Saímos bem cedo de Braga em direção a Boñar, o primeiro pernoite antes de adentrar-nos nos Picos de Europa, na Espanha, e assim, devagar, fomos deixando a bela Portugal para ingressar novamente na España.
Deixamos Portugal com saudades da terrinha, pelo maravilhoso do Pais como um todo, e também com saudades de nossos queridos amigos Gustavo e família, que tínhamos aproveitado a nossa passagem por Portugal para visita-los, coisa que foi muito agradável, e além de curtir as saudades da gente que não se via a tanto tempo, faltaram ainda dias, semanas, anos de conversa atrasada, dentre as quais, as confidencias de Gustavo sobre as saudades do Balão e a ideia cada dia mais próxima de comprar um MH na Europa, que viria a ser em um futuro próximo, a linda e moderna Felícia…bom, se Deus quiser, logo, logo, estaremos juntos de novo para colocar o papo em dia, e claro, com bacalhaus e vinhos mediante!
O caminho foi um pouco longo, comparado com o que normalmente fazíamos, porem pouco se comparamos com as distancias que percorremos normalmente na América do Sul, e de tarde estávamos em Boñar, Espanha, onde pernoitaríamos para no dia seguinte ir para conhecer os Picos de Europa; mas antes, assim que chegamos em Boñar, saímos a caminhar, para esticar as pernas após um dia inteiro de viagem.
As redondezas de Boñar, assim como seu centrinho, são realmente encantadores e bucólicos, e aqui pela primeira vez Neiva escutou o canto do cuco, e é incrível como é igual ao som emitido por aqueles antigos relógios que imitavam a verdadeira ave que o produz; o difícil é ver esta ave arredia, mas seu canto é muito lindo e pitoresco.
Pernoitamos de lado de um rio, que nos ninou com o som gostoso da suas aguas, e foi uma noite de descanso maravilhosa.
Amanha continuamos.