Acordamos bem cedinho para poder desfrutar bem o dia, pois queríamos aproveitar o bom tempo para percorrer parte do Parque Nacional dos Picos de Europa, e demoramos muito em chegar na Senda del Cares, pois o caminho é espetacular!
Não sabíamos onde parar primeiro para admirar as paisagens, tirar fotos, curtir o entorno das montanhas, e quando finalmente chegamos na famosa Senda del Cares que era um lugar que queríamos percorrer, só podemos percorrer uma pequena parte, por questão de tempo…bom, fica para a próxima viagem.
Mesmo assim, sem poder percorrer todo o sendeiro pretendido, igualmente desfrutamos muitíssimo deste percurso em torno do Parque dos Picos de Europa, e o dia foi curto para tanta coisa linda para se ver e desfrutar, e percebemos que na realidade, seria necessário 5 ou 6 dias para visitar tudo com calma…vivendo e aprendendo!
Acontece que como nos apaixonam as montanhas, este passeio foi muito curtido, e acabamos chegando no fim da tarde no nosso destino para pernoite; um banho, janta rápida e dormir, exaustos, porem muito felizes com as paisagens maravilhosas que vivemos neste dia memorável.
Acordamos bem cedo para poder aproveitar o dia, já que hoje percorreríamos pouco mais de 660 quilômetros, para chegar pertinho de Barcelona.
Tomamos café no sair do sol, e logo estávamos na estrada; aqui cabe um comentário, e que em geral, as melhores estradas que não cobram pedágio estão na España, e são poucas as estradas com pedágio, e em geral, todas, com ou sem pedágio, são muito boas…é, temos muito que aprender ainda com o Velho Mundo, ao menos, na conservação das rodovias.
Após atravessar uma boa parte da España, chegamos em Colónia Güell, uma cidadezinha satélite de Barcelona, lugar este, conforme eu tinha planejado meses antes, que tivesse um estacionamento para MH perto de uma estação de trem que me levasse no centro da grande cidade, assim como fizemos com Corroios/Lisboa, e este planejamento deu muito certo, pois assim nunca precisamos entrar no transito de uma grande cidade com o Torito, haja visto nossa experiência em Granada.
Chegamos no estacionamento, e pela primeira vez, um contratempo: o estacionamento estava lotado!
Bem, eu já estava estudando outro lugar para onde ir, quando um senhor espanhol que estava com o seu MH, vem e me diz que em 15 minutos ele iria sair, e que aguardasse para estacionar no seu lugar; fiquei muito agradecido, e foi uma excelente mostra de educação e empatia deste Caravanista espanhol, e em geral, tivemos tratamento muito bom e educado com todos os caravanistas europeus com os que conhecemos e confraternizamos nessa viagem.
Justiça seja feita, também conheci um jovem casal de italianos, ele jardineiro e ela cheff em um restaurante em Barcelona, que estavam fazia mais de um mês parados com seu velho MH lá no estacionamento, segundo ele mesmo me falou, e a permanência máxima permitida era de 3 dias…bom, tem de todo tipo de gente em todo o mundo…
Colocamos agua no Torito, tomamos banho, jantamos cedo e dormimos logo, que amanhã visitaremos a grande e bela Barcelona.
São tantas lindas fotos, Dardo, não dá nem para escolher. Muito bom seguir passeando com vocês virtualmente nesse momento em que não podemos passear de verdade.
Também muita saudade do tempo curto porém memorável que passamos juntos por aqui. Não vejo a hora de repetirmos a dose em qualquer dos dois lados, e de preferência em uma viagem com bastante espaço e liberdade para colocarmos toda a conversa em dia novamente.
Um pouco atrasado, mas uma curiosidade que lembrei sobre uma das passagens acima: um amigo português explicou-nos que o significado de “pena” vem de “grande pedra”, “penha”… e “cova” é mais óbvio para a variante brasileira: buraco, vale. A pronúncia fica “pêna-cóva”, com o mesmo “pe” de “penha”. Porém, no sotaque português as vogais não tônicas pronunciam-se fechadas, e por vezes quase não se percebem. Um nativo falando fica quase como “pnacóva”. Dá um pouco menos de medo de tomar a tal água…
Mudando de assunto, esse passeio pelos Picos de Europa ainda não tem data, mas está na nossa lista preferencial já. Linda a região, e dá uma paz só de olhar…
Buenas Gustavo!
Muito obrigado pela explicação de “Pé-na-cova”…agora fico tranquilo de ter bebido da tal água…
E que bom que estás gostando do relato, espero que seja útil, para você que está pertinho, e também para aqueles que um dia irão passear por aquelas bandas.
Grande abraço!
Para variar, acordamos ao sair do sol…(temos que parar com isso, não compactua com minha ideia de vagabundice…isto de passear demais cansa…)
E em poucos minutos, estávamos deixando o Torito em direção a estação para pegar o trem para o centro de Barcelona; lá, no centro, pegamos novamente daqueles ônibus de turismo para passear o dia inteiro entre os pontos principais de turismo, desembarcando nos que achávamos mais importantes para visitar, e assim passou um dia inteiro sem sequer perceber.
Almoçamos em um restaurante especializado em frutos do mar na região do porto, e de novo subimos no bus para visitar mais lugares.
Inclusive, aconteceu algo engraçado quando o bus passou na frente do Camp Nou, o estádio do Barcelona FC; enquanto o bus estava parado para subir e deixar passageiros na entrada do estádio do Barça, aparece um baixinho de barbicha, e me diz… “Dardo, você por aqui, tudo bem?” Olhei para Neiva e perguntei “Quem é esse baixinho que nunca vi mais gordo?” E ela me diz “como, não conheces o Messi, o famoso futebolista?” …
Pensei, pensei, rebusquei na memoria, cocei a cabeça, e me rendi… “Não, deixa ver, não sei, me diz, ele jogou no Grêmio alguma vez?”
Bom, parece que o tal baixinho é conhecido em Barcelona, e me convidou para um churrasco no clube, mas não fui não, esse pessoal faz qualquer coisa para falar que conhece um Gremista…eu, hein?"
Bem, bobagens à parte, o passeio foi maravilhoso, e a Igreja da Sagrada Família, é um capitulo aparte, merece pelo menos três dias para ser visitada em detalhe, e a magnifica amalgama de passado, presente e futuro de Barcelona, é único no mundo; amamos Barcelona, e a Cataluña em geral!
Bem, já com saudades da ótima estadia na capital catalã, saímos da Colonia Gueel, nas cercanias da belíssima Barcelona, com destino a La Ville de Coursan, na vizinha Francia.
O caminho é bem interessante, e poucas horas após a saída da Colonia Guell, fizemos uma parada perto da fronteira de Espanha e Francia, na cidade espanhola de La Jonquera, para fazer compras em um dos supermercados e abastecer combustível e gás, aproveitando que os preços são mais em conta na Espanha do que na França, e vimos diversos MH fazendo mesma coisa.
Também fizemos compras dos fabulosos torrões de Agramunt, que na minha modesta opinião, são melhores que os torrões de Alicante e de qualquer outro lugar do mundo que fabrique esta iguaria; sinceramente, estes torrões são para comer de joelhos, agradecendo ao Papai do Céu por esta maravilha!
Abastecidos devidamente, começamos a subir os Pirineus catalães e franceses, e foi muito bom comprovar que podíamos passar pelo limite dos dois países sem determos, ou apresentar documentos ou revistar o MH na fronteira de ambos países…e assim, sem parar e nem perceber direito, de repente, estávamos na França! Adiós España, bonjour France!
Curtimos muito a travessia pelos Pirineus, embora não sabíamos ainda que a mais bonita passagem dos Pirineus iriamos conhecer mais para frente nesta viagem, e pouco depois paramos para almoçar em uma pequena área de descanso antes de chegar no nosso destino, e realmente foi muito legal a nossa primeira refeição na terra Gala …caramba, já estávamos no nosso terceiro pais!
Chegamos na bela e antiga Coursan, e logo estávamos encostando na pequena área de estacionamento, onde já tinha vários MH, e como esta área é um pouco apertada, quase não conseguimos lugar para estacionar; por sorte, consegui falar com o dono de um MH inglês, que tinha estacionado distante de um outro MH francês, e ele manobrou para permitir nossa acomodação, o que muito lhe agradeci.
Instalamos o Torito, e fomos rápido, antes da pôr-do-sol visitar a cidadezinha, sua antiga igreja, sua pracinha e paramos em uma “Boulangerie” onde compramos pão (francês, é claro!), e uma garrafa de vinho nacional, logicamente, numa vendinha, no velho e bom idioma dos gestos… caramba, este povo não gosta mesmo falar outro idioma que não o dele, mesmo que estejam completamente no seu direito!
Bom, ducha, janta e dormir, para tentar sonhar (ou roncar) em francês, para ir se adaptando ao idioma (sem sucesso nenhum, como comprovaria logo)
Nossa primeira noite na França foi muito especial, pois na volta do passeio, começou uma chuvinha fina a bater suave no teto do Torito, e não tivemos mais remédio que tomar um bom vinho português que tinha ganho de presente de Gustavo, e beliscamos junto um panetone que tínhamos comprado em Coursan; sei que não tem muito a ver um com o outro, mas foram devidamente degustados, e ambos estavam excelentes, a julgar pelo pouco ou nada que sobrou!
Deixamos La Ville de Coursan com rumo de Gap, e o caminho é muito lindo, em especial nas proximidades do Parc naturel régional des Baronnies Provençales, e já podíamos ver os Alpes no horizonte, proporcionando uma visão maravilhosa!
Chegamos em Gap de tardinha, e assim que instalamos o Torito, saímos para caminhar um pouco pelas redondezas do estacionamento por um parquinho muito lindo, que tinha vista dos Alpes nevados ao fundo; pena que esfriou um pouco a tarde ao sumir o sol, o que nos fez voltar ao aconchego do Torito.
Bem, amanha vamos dedicar o dia para passear em Gap; boa noite.
Neste dia, 11/05/2019, Passeamos a pé por Gap, esta belíssima cidade de aprox. 42.000 habitantes, o que a faz parte das cidades medias da França, e que tem muitos atrativos, seja pela sua historia, quanto pelas suas belezas naturais, ajudado sem duvida pelo seu clima, que embora a mais de 730 metros de altitude o que a faz um pouco fresca no verão e fria no inverno, tem a particularidade de que tem em media 300 dias de sol por ano fazendo que mesmo nos dias friozinhos seja uma delicia curtir o sol, e claro, nos dois dias que ficamos lá, tivemos céu azul maravilhoso!
Gap também é considerada a cidade mais esportiva da França, e costuma ser palco do Rally de Monte-Carlo e a famosíssima prova ciclística “Tour de France”, e por causa da proximidade das pistas de esqui dos centros mais badalados da França, encravados nos Altos Alpes, fizeram desta cidade uma escolha lógica para ser visitada por milhares de pessoas por ano, inclusive dois brasileiros de MH espanhol!
Passeamos bastante pelo centrinho histórico, e levamos um dia inteiro para percorrer a cidade, devagar, sem pressa, parando para ver tudo com calma, e fomos almoçar em um restaurante chamada “Le Petit Marmite” (Na minha livre e descompromissada tradução: “A Marmita pequena”) , o que fez que a deixasse de lado, pois eu estava com muita fome de tanto caminhar, e meu interesse seria mais pela “Le Grand Marmite”, mas não achamos nenhuma com esse nome…
A parte do centro moderno também é linda, com suas lojas caríssimas de roupas de grife, perfumes, material esportivo, etc., embora a parte do centrinho histórico, foi longe e disparada, a nossa preferida nesta visita que curtimos muitíssimo.
A Catedral de Gap é imponente, tanto externa, quanto internamente, e quando visitamos a mesma, tinha missa, a qual assistimos, sem compreender lufas, é claro, e no final, quando o Padre despede os fieis, ao ver a gente com cara de aliens, perguntou algo em francês, que imagino que seria de onde éramos, e ao responder eu (em inglês) que éramos brasileiros, nos cumprimentou e conversou um pouco conosco…foi muito educado da parte dele, falar em um idioma compreensível (inglês) com estes pobres mortais.
Foi um dia de caminhar e desfrutar muito o passeio, e chegamos no Torito moídos de cansados, mas muito felizes de conhecer uma cidade tão linda, com um entorno de montanhas ( e bota montanhas nisso, os Alpes!), que fizeram de Gap uma cidade para recomendar, e para visitar de novo, assim que Deus permitir.
Bem, dormir sonhando com Gap, e descansar que amanha continuamos viagem.
Hoje estamos de saída de Gap com destino a Itália, mas gostamos tanto da cidade, que fomos dar mais uma volta antes de ir embora e tirar mais algumas fotos dentro da Catedral, que ontem tinha esquecido.
Após o passeio rápido por Gap, tomamos a estrada que nos levaria para a Itália, pois o novo destino era Roma, a “Cidade Eterna”; não vou repetir que estrada é linda, porque estaria sendo repetitivo, mas que era linda, ah, isso ela é!
Nesta região dos Alpes da Alta Provença, encontramos vales e cidadezinhas encantadoras, e eu li que tinha especificamente uma vilinha com uma fabrica famosa de queijos, e como era de passagem, lá fomos (sempre que viajo para um lugar que não conheço, gosto de ler e aprender tudo o que puder sobre o lugar, historia, curiosidades, etc., o que faz bem mais produtivo o passeio.)
O lugar, na bela La Bréole, região de Ubaye-Serre-Ponçon parece cena de filmes do interior da França (e de fato é!), e lá encontramos a tal queijaria; estacionamos o Torito, e lá fomos nós, comprar queijos…o difícil, para variar, foi entender que tipo de queijo era cada um, o preço e a quantidade que queríamos…claro que o nosso francês se limitava a “Bom dia”, “obrigado” e “adeus”, o que embora muito educado, não ajudou muito, verdade seja dita.
Bom, a senhora que nos atendia, bem do interior, como era logico, não sabia nem rir em inglês, quanto mais em português…e dele gestos, mimica e cara de “não” e “sim”; bom, de algum jeito, de repente estávamos fora da loja com duas sacolas cheias de queijos dos mais variados, e meu estomago me lembrou que era hora do almoço.
Estávamos no estacionamento da loja, com uma vista incrível dos Alpes, em um dia radiante de sol, temperatura de 18, 19ºC, com muito espaço…e então, foi lá mesmo que almoçamos, mesmo que eu, de maneira muito pouco educada, nem fui pedir se podíamos ficar parados lá enquanto almoçávamos…nem bêbado iria voltar na loja tentar pedir permissão em francês para ficar lá…eu, hein?
Bem, ninguém se importou conosco nem nos enxotou do lugar, então, terminamos o almoço e de novo na estrada, com parada inicialmente em Barcelonnette, para conhecer a região das pistas de esqui do Val d’Allos, que estavam já fechadas, mas que tem um caminho lindo que leva para as mesmas.
De Barcelonnette, chegamos na divisa, olhando manchões de neve que ainda se amontoavam de lado da estrada, e lá, nos quase 2.000 metros do Paso de Maddalena, ingressamos na bela Itália, na região do Piamonte…ufa, agora podemos parlare l’italiano, cáspita!
Paramos em uma área de estacionamento distante 32 Km da fronteira, em Vinadio, onde tivemos no Torito um jantar com queijos, presunto, vinho, e logo estávamos dormindo em solo dos nossos antepassados; foi um longo e maravilhoso dia!
Obrigado Gustavo, e você nem imagina a vontade que nós temos de voltar para aqueles lugares maravilhosos …quem sabe um dia podemos voltar por lá e ir juntos para aqueles lugares lindos; grande abraço!
Acordei muito cedo, como já de costume, e percebi que estava chovendo…bom, aproveitamos para dormir mais um pouco, já que vinha de dias seguidos de acordar cedo, e exageramos com a preguiça!
Fomos acordar, desta vez em definitivo, perto das 09:30, tomamos um ótimo café da manhã, e visto que passava das dez AM, decidimos continuar viaje pelas autoestradas com pedágio, que nos permitiria avançar bem mais rápido, para assim ter somente um pernoite antes de chegar em Roma.
Assim o fizemos, e de tarde, quase junto com uma tormenta, chegamos no nosso local de pernoite, em Venturina Terme, ou seja, nas Termas de Venturina, na região da Toscana, Província de Livorno.
O lugar é muito pitoresco e bonito, considerado que desde a época dos etruscos já se conheciam as propriedades das aguas termais da região, embora foram os romanos que aproveitaram estas aguas quentes em toda sua extensão, tanto lúdica, quanto curativa, e como nem tudo sempre é perfeito, as termas de Venturina são, neste lugar, administradas por uma firma que conta com um Spa de luxo, o que faz as tarifas serem bastante caras, se comparadas com as termas que encontramos comumente no Brasil.
Antes de chegar em Venturina, bordejando o Mar de Ligúria, passamos por Genova, muito linda e um pouco caótica com respeito ao transito, e também pela lateral de Carrara e suas famosas pedreiras de mármores, assim como Pisa, onde pudemos ver a famosa torre inclinada sem descer do MH, em função do nosso cronograma.
Bem, amanhã chegaremos em Roma, se Deus e o transito o permitirem.
Deixamos o belo lugar de pernoite em Venturina Terme de manhã cedo, e avançamos em direção a Roma.
Tinha escolhido um Camping nas redondezas de Roma por causa da sua localização, sem ter que dirigir pela zona central, também que tivesse um trem ou bus que comunicasse o camping com o centro e que ficasse na saída para nosso próximo destino.
Mesmo que passando de lado, não muito perto do centro nas perimetrais de Roma, posso garantir que foi, de longe, o pior e mais desorganizado transito que encontrei em toda Europa, e pude constatar onde foi que nós, sul-americanos, aprendemos a dirigir tão mal e desorganizados, acredito que está nos nossos genes!
Roma pode ser a “Cidade Eterna”, como assim a chamam, mas acredito que se continuarem a dirigir desse jeito, não vai ser eterna coisa nenhuma, pois é mais provável que antes se matem atrás de um volante…
Bem, conseguimos sobreviver e chegar incólumes no nosso destino, que se revelou um enorme estacionamento mensal ou anual de Trailers e Motor Homes, e com um pequeno setor para os visitantes, como era o nosso caso.
Chego na entrada, desço do Torito e vou na recepção, onde encontrei o encarregado, que estava falando ao telefone; ele, muito cordial e animado, começou a falar uma estranha língua que se assemelhava vagamente ao italiano…perguntei em inglês se ele falava italiano…ele parou, pensou um instante e sorrindo, começou a parlare italiano corretamente…não pude deixar de perguntar para ele qual o idioma que tinha falado inicialmente comigo, e sorrindo (e gesticulando), me disse que naquela hora que cheguei ele estava falando com a esposa, em…napolitano e continuo no dialeto, já no embalo!
Bom, nada contra os dialetos, mas não pretenda que eu, sul-americano, entenda napolitano…no máximo, eu conhecia a milanesa à napolitana, não mais do que isso…
Superada a barreira idiomática, ele nos levou para ver onde nos estabeleceríamos, e ao saber que éramos de Além Mar, se entusiasmou na conversa, e nos levou a conhecer o estacionamento, cozinha, banheiros, nos deu seu numero de telefone e acertou conosco o melhor horário para no dia seguinte nos levar na estação do trem que nos levaria no centro da Cidade Eterna.
O interessante era que quando se entusiasmava na conversa, começava a falar rápido em napolitano, ao que eu tinha que lembrar ele, de maneira pouco sutil, “Cáspita Luiggi, parla italiano, porca miséria”! E riamos ambos de doer a barriga!
Foi muito legal essa convivência, e pudemos comprovar que o estereotipo do italiano simpático e falador, no caso do Luiggi, era absolutamente verdadeiro.
Amanhã, acordaremos cedo para ir para Roma e o Vaticano; buona notte per tutti!
Saímos cedo do Camping a bordo do carro de Luiggi, e ele foi nos falando como fazer a conexão com o metrô para o Vaticano, onde almoçar, o que visitar em Roma, e quinhentas coisas mais no caminho para a estação do trem em Lunghezza.
A quantidade de gente no centro, e principalmente no metro da Stazione Roma Termini, é de dar inveja a São Paulo na hora do rush!
Fizemos uma visita guiada no Vaticano primeiro, e mesmo um pouco cara, vale a pena para não ter que fazer filas intermináveis para ingressar no Vaticano, além das informações que o nosso guia nos dava, o que foi muito instrutivo e ótimo para identificar cada coisa que víamos no Vaticano.
O nosso guia parecia um personagem saído dos contos do Senhor dos Anéis, que embora itálico, falava muito bem o português de Portugal, e vivia se queixando da sogra…tivemos que “apertar” ele para que o grupo tivesse a bandeira do Brasil nos guiando e não a da “terrinha”, que ele tinha começado a amarrar no mastro portátil para que a gente não se perdesse de vista…fazer o quê, éramos maioria mesmo!
O ponto alto foi a visita na Capela Sistina, maravilhosa, era algo que a vida inteira queria ver, embora as coleções de arte que vimos no Museu do Vaticano, são de tirar o folego, pela sua importância histórica, sua beleza e seu valor, e pudemos ver a riqueza cultural ( e econômica) do País mais pequeno da Europa, o Vaticano.
Ainda bem que tínhamos saído bem cedo do camping, pois tem tanta coisa para se ver que o tempo passa muito rápido, e a maratona é bastante puxada, com muita, mas muitíssima gente mesmo se apertando por todos lados, e depois de visitar a Catedral de São Pedro, cansados até os ossos, fomos almoçar, pois já era de tarde.
Embora com muitas e mui variadas opções para almoçar, experimentamos uma comida bastante aceitável em uma cantina típica italiana para turistas, e depois, pegamos aquele ônibus turístico como os que pegamos em Madrid, Lisboa e Barcelona, para conhecer os principais pontos turísticos da Cidade Eterna.
Não tirei muitas fotos, pois na pressa de sair cedo, esqueci a minha câmera, e por isso, todas as fotos foram tiradas com o celular, pelo que se perdeu bastante qualidade nas mesmas e ainda tinha que preservar a bateria; mesmo assim, acredito que tanto Roma, quanto o Vaticano, são muito conhecidos, por fotos ou pessoalmente, como para que eu tenha algo a ser somado nestas minhas humildes fotos.
Podres de cansados, nova maratona de metrô (lotado, para variar!) e trem para Lunghezza, onde pouco antes da estação, chamei Luiggi para nos pegar, e em poucos minutos, lá estava ele, perguntando se tínhamos gostado do passeio, falando igual uma metralhadora em napolitano e italiano, e intercalando relatos de que não podíamos deixar de conhecer Napoli, que isso sim que é lugar bonito, muito mais do que Roma, segundo a sua modesta opiniao…com as poucas forças que me restavam, tratei de rir, e xinguei ele para que falasse de novo em italiano, para não perder o costume!
Bem, chegamos a seguinte conclusão, enquanto jantávamos…toda cidade muito grande é muito similar as outras por causa da globalização, até mesmo Roma, com sua historia da Humanidade que a distingue, mas firmou nossa crença de que nós gostamos mesmo, é a natureza, e no máximo, as pequenas cidadezinhas do interior, de qualquer pais do mundo (pelo menos, do mundo que nós conhecemos), embora mal sabíamos que Veneza seria uma carta fora deste baralho de grandes urbes.
Assim que o sol nasceu levantamos, tomamos nosso desjejum, e antes de sair, fomos dar mais uma olhada no estacionamento, especialmente ao setor onde tinha mais Trailers estacionados, para curtir saudades do Guanaquito (e que saudades!).
Nos despedimos de Luiggi, agradecendo muito o bem que ele nos recepcionou, e o mesmo me confidenciou que na próxima vez que voltássemos para Roma, provavelmente ele teria voltado para Nápoles, pois embora as oportunidades de trabalho eram melhores lá em Lunghezza/Roma, tinha muita saudade da sua terrinha…e assim, com Luiggi acenando um adeus emotivo, colocamos proa de Veneza, nosso próximo destino.
A região que percorremos é muito bonita, e cuidamos de desviar as grandes cidades dentro do possível, e de tarde estávamos chegando nas redondezas de Veneza, uma das maravilhas da Itália e do mundo.
Eu tinha escolhido um camping que ficava nas proximidades de uma estação de trem que nos permitiria ir para o centro de Veneza rápido e sem necessidade de usar nosso MH, o que evidentemente, seria muito razoável, principalmente considerando que o Torito não era anfíbio.
O Camping de Porta Ovest é bastante plaino, com uma cancela automática para segurança, e o encargado, ao igual que Luiggi, era muito cordial e prestativo, embora muito menos verborrágico; ele nos vendeu as passagens para o trem, nos deu muitas dicas dos passeios em Veneza, e inclusive, me deixou seu numero de telefone, caso eu tivesse qualquer problema na cidade e sim, ele falava italiano, ainda bem!
Sobre os serviços, valores e demais detalhes do Camping, ajuntei logo abaixo, o “site” do Camping para consultas que forem de interesse.
Hoje fizemos questão de acordar cedo para pegar o trem que nos levaria ao centro de Veneza; a estação fica a menos de 300 metros do Camping, e o trem demora pouco mais de 30 minutos em chegar no centro.
Bem, esta foi a cidade de tamanho maior que mais gostamos, e passamos o dia andando por ela, e também navegamos diversas vezes nos dois dias que passamos por aqui (3 dias se contar da chegada até a saída), e valeu cada minuto que curtimos toda a região, incluindo a navegação que fizemos para Murano e Burano, para visitar suas tradicionais (e centenárias) fábricas de vidros e cristais.
Também fizemos um passeio em gôndola, que embora possa ser romântico, não transmite muita segurança estar no meio do Grande Canal com água a poucos centímetros dos seus fundilhos…sei lá, achei as gôndolas um pouco inseguras, ou então era eu que fiquei de orelha em pé, e ainda tem que escutar um gondolieri desafinado cantando “O sole mio” enquanto um barco de vinte toneladas passa a dez centímetros de você…eu, hein?
Mas bobagens aparte, Veneza é encantadora! A história da cidade e da Europa permeia em cada ruela, em cada ponte, em cada canal…e as máscaras do famoso Carnaval de Veneza, verdadeiras obras de arte que são, algumas, de tirar o fôlego!
No dia seguinte, voltamos para Veneza, para percorrer com mais calma a cidade e visitar a Igreja de San Marco, um verdadeiro tesouro arquitetônico e histórico; de tardinha, voltamos para “casa”, embora antes fomos comer uma verdadeira pizza italiana e…vou contar algo que parece esquisito, mas acredito firmemente que a pizza de Sampa é melhor, ao menos para mim, ou então, não demos sorte com a experiência.
Bem, amanhã continuamos viagem, em direção ao norte caminho para Áustria.
Após os belos dias vividos em Veneza, estava na hora de continuar nosso caminho para Alemanha pelo norte da Itália.
Sim, a ideia era passar pela famosa Cortina d’Ampezzo, e de lá, cruzar pela Áustria até nosso local de pernoite na Alemanha, passando pelo Tirol, o que resultou em uma excelente ideia, considerando as belezas naturais daquela formosa região…
Saímos muito cedo para aproveitar o dia, já que transitaríamos por 3 países diferentes, embora o tamanho destes países não tem comparação com o nosso, claro.
Infelizmente a região de Cortina estava com tempo chuvoso, e não deu para ver as majestosas montanhas que tem lá, pelo que continuamos caminho até Innsbruck, na Áustria, e de lá continuamos caminho até Alemanha, mais especificamente o município de Marktoberdorf, onde se realizam a cada dois anos a Competição Internacional de Coros de Câmara Marktoberdorf, de lado do estacionamento de Motor Homes.
Demais está dizer que o caminho entre Cortina e Innsbruck é lindíssimo, e melhor ainda o caminho de Innsbruk pelos Alpes suíços até Alemanha, rodando por estradas nos vales do Tirol, e foi nesta estrada que vimos muitos Trailers, alemães na sua maioria, um melhor do que o outro.
Passamos pertinho de Fussen e seu famoso castelo, as não dava tempo de visitar o mesmo pelo avançado do horário, e Neiva já conhecia ele, então, ficou para visitar o mesmo em uma outra viagem.
Foi um dos melhores cenários de montanhas que tínhamos visto até agora, com paisagens de belezas naturais de tirar o fôlego, e quando chegamos no nosso destino, fomos visitar ainda a Igreja de San Martin e a famosa Escola de Musica de Marktoberdorf, que, como tinha dito antes, fica de lado do nosso local de pernoite.
Após a caminhada pelas redondezas, banho, janta e cama, que amanhã continuamos viagem pela Alemanha.
Hoje o dia se apresentou muito nublado, prenúncio de uma chuva que não iria demorar, e depois de caminhar um pouco pelas redondezas enquanto não chovia, saímos de Marktoberdorf, que é a capital do distrito de Algovia Oriental em Suabia, Baviera, ao pé dos Alpes, e nos dirigimos para Horgenzell, que pertence a Ravensburg.
Em Ravensburg paramos em um posto da Shell para carregar gás … e foi lá que foi mais difícil comunicar-me, pois a encarregada, uma senhora de meia idade, não falava quase nada de inglês…bom, ela estava no seu país, e de fato ela tinha direito em não falar outro idioma que não o seu, mas felizmente, nos entendemos misturando 4 idiomas e fazendo gestos, e se iluminou a cara quando me entendeu; então me levou na bomba de de gás para carros, onde ela pediu ao senhor do lavadeiro de carros, de mais idade ainda, para que me ajudasse com a carga do botijão do gás, e Ele me mostrou como abastecer o gás que era destinado principalmente para carros.
O senhor muito amável, conversou bastante comigo, e a pesar que eu não lhe entendia nem ele a mim, nos despedimos amavelmente, que pelo menos agradecer educadamente isso eu sabia (meu domínio do alemão se estende a só uma dúzia de palavras, tal vez, duas…)
Bem, passamos pela bela e bastante povoada Ravensburg, e pouco depois chegamos em nosso destino, a pequena e linda Horgenzell, com chuva intermitente; almoçamos muito tarde, e quando parou um pouco a chuva, fomos a conhecer o povoado, pequeno, porem muito simpático e bem típico do interior da Alemanha.
As pessoas desta cidade são muito educadas, porém ninguém aparenta ter muito tempo para conversar, e de fato, se vê pouca gente na rua, e também nos pareceu um povo muito silencioso, com negócios bem típicos do interior da Alemanha.
Visitamos o centrinho, conhecemos a prefeitura, compramos um pouco de pão e massas doces para o jantar, voltando para casa já caindo as primeiras gotas; banho, um chá com pão negro local e doces da Itália, e cama, que amanhã vamos para Suíça.
O tempo amanheceu chuvoso, e o prognostico estendido sinalizava que iria continuar chovendo pelos próximos dias, pelo que decidimos continuar nossa viagem para Suíça, via Vaduz, Liechtenstein.
E assim saímos para a estrada, no rumo de lugares nunca dantes visitados por nós; com o Torito a meia maquina por causa da chuva, saímos de Alemanha, ingressamos em Österreich, também conhecida por Áustria, depois ingressamos na Suíça, passando por Rüthi, e de lá, passamos o Rio Reno para conhecer Liechtenstein.
O Principado de Liechtenstein é muito pequeno, porém muito pitoresco e rico, sendo uma das economias mais fortes da Europa, com mais de 165.000 dólares per capita, o que convenhamos, dá uma certa inveja…pouca, mais dá…
Dizem as más línguas que muito dessa economia extraordinária, se deve ao lavado de dinheiro, embora não entendi bem isso, já que na Terra Brasilis não temos disso…
Bom, o certo que é um lugar bonito de se ver, desde que você viaje devagar, porque em pouco tempo de andar, você atravessa tudo o pais de 160 Km2, e como estava chovendo, procuramos um estacionamento (não foi fácil de achar) para poder almoçar no Motor Home…se vocês vissem os preços dos restaurantes do lugar, acredito que fariam o mesmo!
Após o almoço abordo, cruzamos novamente o Rio Reno para adentrar novamente na Suíça, e mesmo com tempo ruim, as poucas paisagens que víamos eram muito lindas.
Passamos de lado do aeródromo de Mollis, e pouco tempo depois estávamos no estacionamento onde passaríamos três dias, e que com o tempo melhorando, pudemos comprovar que é um lugar muito lindo e de montanhas maravilhosas!